segunda-feira, 15 de junho de 2009

"Deus escreve certo, por linhas tortas." - ou, "Para o meu querido pai."

Ele buzinou no portão. e era uma sensação estranha, um frio comendo meu estômago com o um leão comeraia um pedaço de carne fresca. era o meu pai. apesar do longo tempo que se passou entre esta e a última vez que eu o vi, não houveram sorrisos. surge dele um tórrido: "boa noite minha filha" enquanto eu, de costas, respondi fria, e exata com uma flecha num alvo: "boa noite". foram muitas palavras e sorrisos com a outra filha, e eu de dentro do meu casco, como todo bom carangueijo canceriano, apenas observava calada o avançar da sinfonia. Notas, boemóis, sorrisos falsos para o outro lado, e de dentro de mim achava estranho. Como chamar um homem que, apareçe quando quer, e não lembra nem se quer do meu aniversário? pensei enquanto ele falava altivo, e rufante sobre a pseudo-vida mediocre de cidadão mediano que ele conseguiu lucrar através da esperteza. olhei seu rosto. engraçado reconhecer meus traços num homem que me passa menos segurança do que a minha mulher, que a pouco era uma estranha na minha vida. foi-se desenvolvendo uma agústia aguda, um sentimento crescente e ponte-agudo que se cobria do meu silêncio. porque então, seus assuntos principais eram negócios. ele não se deu conta de que, na verdade, não era bem aquilo que eu queria escutar. continuou a fala sobre o seu escritório, suas outras filhas e sua mulher. Um contador foi hoje a minha casa. mas nem pra cobrar nem pra pedir. Pra dar 3 tapinhas na minhas costas, e sumir mais uma vez, sem data de volta. em sua pasta, me contabilizou dez mízeros reais. Para absorvente, e creme de cabelo. Pedidos por mim, com muita timidez. por ter salários atrasados, e não ter costumes de falar desses assuntos pessoais com homens estranhos. talvez, esse seja o preço de sua filha mais velha. a primeira vinda de suas inconsequências em seus dezoito anos de idade. E por ironia do destino ou talvez para cumprir o dito popular "Deus escreve certo por linhas tortas", cá estou eu. sem amigos para conversar, e escrevendo. talvez daqui saia um bom texto. afinal de contas, a desgraça alheia sempre cai muito bem aos olhos dos outros. que seja. mas o que mais me espanta, e me apavora, é que eu. canceriana matriarca que sou, descobri onde estava a insensibilidade para com ele que, durante todos esses anos, ele cultivou e regou dentro de mim.

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segunda-feira, 15 de junho de 2009

"Deus escreve certo, por linhas tortas." - ou, "Para o meu querido pai."

Ele buzinou no portão. e era uma sensação estranha, um frio comendo meu estômago com o um leão comeraia um pedaço de carne fresca. era o meu pai. apesar do longo tempo que se passou entre esta e a última vez que eu o vi, não houveram sorrisos. surge dele um tórrido: "boa noite minha filha" enquanto eu, de costas, respondi fria, e exata com uma flecha num alvo: "boa noite". foram muitas palavras e sorrisos com a outra filha, e eu de dentro do meu casco, como todo bom carangueijo canceriano, apenas observava calada o avançar da sinfonia. Notas, boemóis, sorrisos falsos para o outro lado, e de dentro de mim achava estranho. Como chamar um homem que, apareçe quando quer, e não lembra nem se quer do meu aniversário? pensei enquanto ele falava altivo, e rufante sobre a pseudo-vida mediocre de cidadão mediano que ele conseguiu lucrar através da esperteza. olhei seu rosto. engraçado reconhecer meus traços num homem que me passa menos segurança do que a minha mulher, que a pouco era uma estranha na minha vida. foi-se desenvolvendo uma agústia aguda, um sentimento crescente e ponte-agudo que se cobria do meu silêncio. porque então, seus assuntos principais eram negócios. ele não se deu conta de que, na verdade, não era bem aquilo que eu queria escutar. continuou a fala sobre o seu escritório, suas outras filhas e sua mulher. Um contador foi hoje a minha casa. mas nem pra cobrar nem pra pedir. Pra dar 3 tapinhas na minhas costas, e sumir mais uma vez, sem data de volta. em sua pasta, me contabilizou dez mízeros reais. Para absorvente, e creme de cabelo. Pedidos por mim, com muita timidez. por ter salários atrasados, e não ter costumes de falar desses assuntos pessoais com homens estranhos. talvez, esse seja o preço de sua filha mais velha. a primeira vinda de suas inconsequências em seus dezoito anos de idade. E por ironia do destino ou talvez para cumprir o dito popular "Deus escreve certo por linhas tortas", cá estou eu. sem amigos para conversar, e escrevendo. talvez daqui saia um bom texto. afinal de contas, a desgraça alheia sempre cai muito bem aos olhos dos outros. que seja. mas o que mais me espanta, e me apavora, é que eu. canceriana matriarca que sou, descobri onde estava a insensibilidade para com ele que, durante todos esses anos, ele cultivou e regou dentro de mim.

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