quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Confissões de um amor adolescente.

Daqui vejo o horizonte.
tua lembrança paria em minha mente e ao meu redor, como se fosse uma casa
em volta daqulo que sou.
acredito que te amo.
pelo que tu és.
sem nunca ter te tocado.
e só de ouvir tua voz, valso no encanto de minhs agruras.
teamo.
e isso é fato.
e daqui, dessa janela, posso ver
minhas ilusões e minhas dores.
mas contudo.
te amo.
de graça, e pelo que tu és.
e muito mais,
pelo que poderias ser.
te amo.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Amor Maior - Magamalabares.



Magamalabares
Acqua Marã
Um barquinho oxaiê
Quem esteve aqui
Viu barquinho de gazeta
Ancorar no mistério
Notas musicais
Dentre bolas de sabãoque de nossas serenatas vieram
Flores que ofertamose que nunca morrerãoem vasos e jarros se bronzeiam
Os anjos de onde vem
sua vidabem-vinda
a trilha
Os livros não são sinceros
Quem tem Deus como império
No mundo não está sozinho
Ouvindo sininhos
-
Não há amor maior.
não há dentro de mim nada que possa explicar.
o que nossos pés já caminharam
e que vão caminhar.
como irmãs nos cuidamos.
eu dela e ela de mim
num elo sem fim
caimos num braseiro eterno
chamado amor.
puro e simples
como essa fotografia
de nossos pés.

Atmosfera nova.

Que atmosfera é essa que me encanta por aqui e por aculá?
sinto o cheiro de coisa nova no vento
e vem com aquele cheiro, aquele que eu senti na calçada e lembrei de você.
e eu tô tão assim
tão pra ti
que tô pensando seriamente em te dizer
o que sinto e escrevo esse tempo inteiro.
queria te encontrar por acaso hoje.
assim, como quem não quer nada.
te pagar um cinema
como disse num poema desses.
por o meu vestido mais bonito
e te convidar a viajar
na minha viagem.
e quem sabe?
quem saberá o que me dirás?

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Quimeras.

"sem sofrimento não há romance".

Romance - Guel Arraes.


Eu queria o segredo dos séculos
os silêncios dos túmulos
a fala dos olhos.

o veneno, o feitiço
pra enlaçar-te
numa dança de signos.

traçar-te uma teia
encantar-te com rimas
beber-te como vinho
comer-te como pão.

Mas nem tudo que tenho
quisera.
tudo que me impede
te revela.

meus sonhos?
quimeras.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Tempestade de idéias.

As vezes só
sinto tua mão em meu ombro.
eu não sei se você exste como eu vejo.
mas sei que sabes.

e por olhares, me provocas.
eu gosto do me silêncio
mas as palavras saltam pelos meus olhos.
é só prestar atenção.

é imposível calar diante de tal presença.
tão misteriosa quanto a esfinge.
"-decifra-me, ou devoro-te"

vejo duas paredes de granito negro nos olhos dela
não decifro os códigos
ou será que eles não tem nada a me dizer?!
tenho mil duvidas e um objetivo.

não, não. eu não a quero.
meu objetivo é uma pausa entre a realidade e o abstrato.
um beijo me bastaria.
e seguiria em paz.

sábado, 15 de novembro de 2008

Verdades inventadas.

Mentira, eu sei.
Mas eu queria saber...

Eu canto de sede dos teus lábios
Da água que nunca provei

Quero penetra-te
Como mata virgem
Constelações cruas

Irigar-te, explorar-te.
descobrir-te
Sentir-te à flor da pele

A flor de onde?!
Eu quero já.
Saber o enigma de tuas grutas ignotas.

Desprezo às verdades do dia seguinte
Essa noite eu quero as mentiras confortáveis
Proferidas pela tua boca.

Abre-te sés amo!

E já vejo teus poros arrepiarem
E o gosto da pele, já se instala.
O cheiro se demora
Demora..

Ver jorrar de ti essas verdades sem palavras
O copo não mente.
E quero vê-lo tremulo, contraído.
Eu quero uma mentira vocabular
Para que teu corpo desminta tua boca.

Quereres.

Ah! Como queria..

Tocar-te
Querer-te
Beijar-te
Comer-te

Sentir-te
Partindo-te assim ao meio.

Submegir-me em teu suor
Brincar de movimentos que sei fazer e refazer
Encarar-te e dizer-te:

"-Não sou tua! Mas quero ter-te."

Contenho-me calada..
Pinto as unhas de vermelho;
É pra você, que comprei um vestido novo.
E ainda nem sabes.

Sem correntes, e amarras.
Queria um dia, quem sabe, pagar-te um cinema.
Só pra pegar na tua mão

Depois de tudo, ver-te cansada.
Dormir em meu colo
Capturar as partículas e átomos
Que compõe esse momento, para ser meu segredo mais secreto.

Ah, como eu queria.
E tu? Será que queres?

Ensaio sobre a vontade - ou, S-E-N-T-I-R.

O que seria, ou significaria vontade? não a vontade que existe no dicionário, mas essa, que se instalou aqui. Dentro de mim.
antes eu tinha vontade, mas era uma vontade visível, palpável e aparente. Mas é engraçado e embaraçoso agora. Eu sinto vontade, ou melhor, eu quero. quero e ponto. eu não queria, pois a partícula "queria" é passado, e, mesmo com uma probabilidade mórbida de tão impossível de se acontecer, se hoje você viesse até a mim, como eu tenho vontade de ir até você, eu ainda quereria, ou melhor, eu ainda quero.
mas é diferente.
Eu não quero que você saiba da minha vontade, eu quero que você me olhe. É o seu olhar que desejo atrair e não "você". Você, pessoa a quem falo, aqui nesse texto. Eu não quero que você me namore, eu não quero que você me ame. O que eu quero de você é que você me enxergue. e depois de me enxergar eu não quero ver seu desejo, não. Eu quero sentir o seu desejo. Sentir assim, sem os olhos, como eu sinto essas palavras saindo do meu desejo agora para o teclado e em seguida, através de cabos, partículas e cursores,chegar à tela do meu computador. e com mais redes e fibra ótica chegarem até o meu blog, e do meu blog chegar, quem sabe, até você.

S-E-N-T-I-R.

Vou dar um exemplo mais claro.

É como se estivéssemos ali. Eu e você frente a frente, num quarto escuro e vendadas. Eu não poderia te ver, mas uma hora, caminhando pelo espaço mínimo de um quarto sem objetos, eu sentiria a sua presença. E depois de sentir tua presença, imediatamente eu te tocaria. Pois a falta, ou a insuficiência dos olhos, nos fazem enxergar com as mãos, ou seja, de um modo mais rústico e direto, isso é sentir. mas não é desse sentir que te falo agora.
Como te disse, hoje é embaraçoso e dificílimo esconder isso de você, Mas eu me esforço muito, mesmo sem saber se tenho êxito nas minhas tarefas de esconder ou não. No fundo no fundo eu sei que quando eu te vejo meu coração acelera. Mas não. Não penses tu que eu esteja apaixonada ou "nas tuas mãos". Isto seria um erro gravíssimo, posto que seja apenas minha, e me dou para quem eu quero, apenas. Seria realmente uma grande tolice tua pensar que eu esteja apaixonada. Eu posso até vir a me apaixonar mais tarde. Mas só mais tarde. Pois agora, o que eu quero de ti é que me descubras. Assim como eu te descobri, ao fechar meus olhos e ouvir tua voz cantar próximo a mim. Para que depois, num quarto escuro e de venda nos olhos, possamos descobrir juntas o que significaria, ou o que seria S-E-N-T-I-R.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A grande sacada.

"...Mar azul na areia bege.."


Sensação gostosa
sol à pino
e um misto de leveza e embriaguez
me conduz direto pro nada
e não me preocupa não saber.
acho que encontrei as respostas que precisava
nas anti-respostas;
e acho que é isso a grande sacada.
o mundo esta cheio de anti-respostas
e eu caminho em direção ao nada.
hoje eu sinto que isso me liberta
mas talvez amanhã eu me sinta cativa...
e daí?!
eu pergunto pra it que até dias atrás não tinha nome e agora já é guase meu amigo.
se eu tiver de me sentir cativa, me sentirei
se tiver de se livre, eu serei bem mais do que isso.
posto que nada me prende. nem minhas dores, os amores que não vivi, as passadas largas que já dei... meus tombos, meus erros, meus acertos, minhas vitórias.. nada mais me prende ao chão.
ou talvez o chão seja o ar "quase responsável" em que flutuo.
Pagar contas, estudas, viver a arte, sair, me divertir e quem sabe me apaixonar?!
acho que essa é a grande sacada.
é viver. independentemente de qualquer coisa..
e a leveza de hoje me faz sentir que eu estou bem aqui;
com a cabeça nas nuvens e os pés fincados no chão. Porém, sem algemas.

Mundo Cão.

E aí?!
quem sabe ai o que é
engolir sapo, fazer o que não se gosta
lavrar, elaborar, criar sem ter inspiração.
viver no mundo cão é quase isso.
e a semana inteira,
de segunda à sexta
e eu até pensei em desistir...
foi quase isso.
mas o gostinho
que eu tô sentindo já
me faz querer continuar.
mesmo sem querer estar lá.
E aí?
Quer dizer que isso me trouxe pro mundo?
Agora me sinto um deles sem ser.
Mundo cão
calo nas mãos
e algo a se pensar.
E agora? bato o pé e reluto:
Jamais serei um deles.

domingo, 9 de novembro de 2008

A flor no infinito.

"... Depois da onda pesada, a onda zen.."

Seu jorge - seu olhar.

Zen.
eis que hoje essa sensação gostosa me apareceu.
cheirinho de flor pelo ar,
bobagens no violão...
bobinha música que eu fiz
com carinha e sonzinho de criança travessa brincando no quintal.
hoje a menina colheu uma florzinha, dessas de jardim e me deu.
me rendeu um sorriso.
a sensação, a palpabilidade da paz...
a fluidez dos acordes..

que bichinho danadinho esse que me mordeu hoje!
e o nome dele é paz.


Olha a cara de orgulho dela, sensação de dever cumprido. Ainda bem que Deus me colocou nas artes. Eu não saberia viver de outro jeito.

sábado, 8 de novembro de 2008

Metamorfose II

Cai o véu da noite. E aqui nesse quarto, dialogo com minhas idéias, sentimentos e memórias. Me destraio um pouco com as risadas e proseamentos de minha irmã, que anda encantadinha por um alemão que prepara sushis, cozinha massas italianas e iguarias da culinária francesa.
Por um estante me esqueço do "buraco e a agulha" e das metamorfoses que permeiam minha alma. Agora, daqui de dentro olho para a minha janela; daqui, não vejo a lua. Só a escuridão da noite; Tão negra noite que de tanto olhar me cego. me vendo e prefiro as vezes, infantilmente, não exergar o que existe a minha frente. Mas o que há de verdade em minha frente, o dentro da noite escura? O que haverá?
Minha irmã foi à cozinha se alimentar, enquanto eu jogo palavras aqui. de lá, ela volta a falar de seu homem ariano e por um instante, eu tento me por na pele dele. O que poderia se passar na cabeça de um homem que nasce no outro hemisfério do mundo, com uma lingua totalmente diferente, com um clima totalmente diferente, e uma cultura gravíssimamente diferente, e derrepente, ele migra de sua pátria materna para morar num país em outro continente, sem saber falar sequer a língua materna do país. Há 18 anos ele mora aqui, no Brasil, e ainda não conhece direito as firulas de nossa língua. Confunde palavras como um bebê que está aprendendo a formar sons om a boca; A decifrar as codificações dos signos que se juntam e formam palavras. Talvez seja assim que sinto-me agora. Um bebê aprendendo a andar, ou um estrangeiro: um brasileiro solto na rússia, caindo de pára-quedas sem nem conhecer o alfabeto de sua língua materna. E é com essa intimidação que encaro este ser que sou eu. E, assim como o meu cunhado ariano, eu espero que com o decorrer desse tempo, eu aprenda a respeitar e conviver com este ser dentro de mim. Mesmo que eu não o entenda claramente ou não saiba ao menos quem ou como ele é.

Metamorfose I

Não te consola dizer-te que não sei quem sou?
antes eu achava que sabia.
Clarice e seus versos me ajudam a me sentir um pouco mais confortável nesse estado, posto que achando uma vez que sabia quem era, desmoronei, quando descobri que toda essa certeza não passava de uma tola ilusão juvenil. Demora um pouco, mas eu vou aos poucos deixando a angústia para mais tarde, e, com a leitura lispectorana vou fazendo sala e reconhecimentos a esse ser tão estranho que decidiu fazer morada nos cantos de minha alma. ou talvez não. talvez ele sempre esteve ali em outro estado, e parece mais que a angústia aguda que eu sentia, era a dor de uma metamorfose. A menina talvez sinta-se estranha com a mulher. E uma olha a outra com pavor. Mas será que é uma mulher? eu não sei. não sei seu nome, endereço, sua cor, suas ideologias de mundo. Talvez esse ser seja híbrido e não seja nada. E isso pode ter me deixado, enquanto menina, assustada. Talvez eu não esteja preparada para entender esse ser, talvez não tenha metade da maturidade que eu achava que tinha. Mas o que é maturidade?! e o que isso significa para esse ser que surgiu de uma angustia? para ele, que de tão híbrido, que mesmo dentro de mim, não consigo identificar suas codificações, eu sinceramente não sei. Mas pra mim que vejo de fora pra dentro, com a ajuda do binóculo de Clarice, talvez essa tão falada "maturidade", seja apenas sentir a angústia aguda dessa metamorfose. Que é como passar pelo buraco de uma agulha, para, assim depois, quem sabe conquistar a amplidão. E, só depois de senti-la com todas as suas agulhas que furam cada vez que eu tento decifrar e entender esse ser que sou, após essa metamorfose, aprender, definitivamente a respeitá-lo e aceitá-lo, como ele vier.
Talvez seja isso.
deixarei o tempo correr.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

It.

"Agora é um instante. Você sente? eu sinto."

Clarice Lispector.

é um instante. e o instante é it.
it é tudo. tudo aquilo que não posso tocar ou conhecer.
certa vez, disseram-me que eu teria de parar de beber, pois,
toda vez que bebo, relato que me sinto triste.
sem pudor. Assim, na mesa do bar.
mas não é o álcool que me deixa triste e eles não sabem disso.
eles não enxergam pois só olham seus copos naquele inebriante momento.
o que me deixa triste é a angústia que sinto;
pois nascer, dói. E além de doer dá um medo agudíssimo.
eu não queria deixar a placenta quente e confortável da minha mãe para ser dragada por esse mundo cruel.
e agora há algo dentro de mim. uma pessoa que se instalou na minha alma, e assisto aterrorizada ela servir-me o chá das 5.
essa pessoa, não é ele e nem é ela. é it. e agora, quando essa pessoa sair de mim, terei de comer minha placenta para me alimentar e ganhar força.
é desumano ou desumanidade?
é it. E a comerei.

domingo, 2 de novembro de 2008

Sobre a angústia.

Algo me angustia. e não é minha rotina desleal ou minha solidão (a não afetiva). Algo está roendo meu âmago, e ultimamente, tenho me sentido sem vida.. sem lembranças boas, sem brilho..
pros meus amigos, me sinto inconveniente. as vezes acho que de algum modo, incomodo; e, talvez por esse sentimento eu me sinta coagida. e eu não sei como explicar isso, mas eu não me sinto a vontade no meio de pessoas que deveriam ser amistosas; e cada vez mais isso aumenta.
eu já não sei o que fazer. alguém aí me salva de mim mesma? Acho que dessa vez eu fui mais do que sincera aqui. Eu tenho medo dos meus defeitos, não sei se minhas qualidades são reais... eu não sei quem sou! e estou rezando fervorosamente pra que essa pessoa que fez morada dentro de mim, se misturando ao meu ser saia já e tudo volte a ser como era antes. eu tenho receio de falar com as pessoas, eu tenho medo do que sai da minha boca e entra pelos meus ouvidos. eu tenho medo de machucar e ser machucada; eu tenho medo de agir e ser coagida; eu tenho medo na verdade, de arriscar. e como é que eu faço pra vencer isso? que graça tem esse jogo de confundir? eu me sinto uma menina de cinco anos de idade, que perdeu a mãe no meio de uma multidão e, se desespera ao notar que ela não estar mais segurando sua mão.. e que agora, ela não sabe o que fazer pra encontrar a própria mãe e o caminho de casa.
eu não quero sair, eu não quero me divertir, eu só quero dormir e quando acordar eu só queria que isso acabasse.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Confissões de um amor adolescente.

Daqui vejo o horizonte.
tua lembrança paria em minha mente e ao meu redor, como se fosse uma casa
em volta daqulo que sou.
acredito que te amo.
pelo que tu és.
sem nunca ter te tocado.
e só de ouvir tua voz, valso no encanto de minhs agruras.
teamo.
e isso é fato.
e daqui, dessa janela, posso ver
minhas ilusões e minhas dores.
mas contudo.
te amo.
de graça, e pelo que tu és.
e muito mais,
pelo que poderias ser.
te amo.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Amor Maior - Magamalabares.



Magamalabares
Acqua Marã
Um barquinho oxaiê
Quem esteve aqui
Viu barquinho de gazeta
Ancorar no mistério
Notas musicais
Dentre bolas de sabãoque de nossas serenatas vieram
Flores que ofertamose que nunca morrerãoem vasos e jarros se bronzeiam
Os anjos de onde vem
sua vidabem-vinda
a trilha
Os livros não são sinceros
Quem tem Deus como império
No mundo não está sozinho
Ouvindo sininhos
-
Não há amor maior.
não há dentro de mim nada que possa explicar.
o que nossos pés já caminharam
e que vão caminhar.
como irmãs nos cuidamos.
eu dela e ela de mim
num elo sem fim
caimos num braseiro eterno
chamado amor.
puro e simples
como essa fotografia
de nossos pés.

Atmosfera nova.

Que atmosfera é essa que me encanta por aqui e por aculá?
sinto o cheiro de coisa nova no vento
e vem com aquele cheiro, aquele que eu senti na calçada e lembrei de você.
e eu tô tão assim
tão pra ti
que tô pensando seriamente em te dizer
o que sinto e escrevo esse tempo inteiro.
queria te encontrar por acaso hoje.
assim, como quem não quer nada.
te pagar um cinema
como disse num poema desses.
por o meu vestido mais bonito
e te convidar a viajar
na minha viagem.
e quem sabe?
quem saberá o que me dirás?

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Quimeras.

"sem sofrimento não há romance".

Romance - Guel Arraes.


Eu queria o segredo dos séculos
os silêncios dos túmulos
a fala dos olhos.

o veneno, o feitiço
pra enlaçar-te
numa dança de signos.

traçar-te uma teia
encantar-te com rimas
beber-te como vinho
comer-te como pão.

Mas nem tudo que tenho
quisera.
tudo que me impede
te revela.

meus sonhos?
quimeras.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Tempestade de idéias.

As vezes só
sinto tua mão em meu ombro.
eu não sei se você exste como eu vejo.
mas sei que sabes.

e por olhares, me provocas.
eu gosto do me silêncio
mas as palavras saltam pelos meus olhos.
é só prestar atenção.

é imposível calar diante de tal presença.
tão misteriosa quanto a esfinge.
"-decifra-me, ou devoro-te"

vejo duas paredes de granito negro nos olhos dela
não decifro os códigos
ou será que eles não tem nada a me dizer?!
tenho mil duvidas e um objetivo.

não, não. eu não a quero.
meu objetivo é uma pausa entre a realidade e o abstrato.
um beijo me bastaria.
e seguiria em paz.

sábado, 15 de novembro de 2008

Verdades inventadas.

Mentira, eu sei.
Mas eu queria saber...

Eu canto de sede dos teus lábios
Da água que nunca provei

Quero penetra-te
Como mata virgem
Constelações cruas

Irigar-te, explorar-te.
descobrir-te
Sentir-te à flor da pele

A flor de onde?!
Eu quero já.
Saber o enigma de tuas grutas ignotas.

Desprezo às verdades do dia seguinte
Essa noite eu quero as mentiras confortáveis
Proferidas pela tua boca.

Abre-te sés amo!

E já vejo teus poros arrepiarem
E o gosto da pele, já se instala.
O cheiro se demora
Demora..

Ver jorrar de ti essas verdades sem palavras
O copo não mente.
E quero vê-lo tremulo, contraído.
Eu quero uma mentira vocabular
Para que teu corpo desminta tua boca.

Quereres.

Ah! Como queria..

Tocar-te
Querer-te
Beijar-te
Comer-te

Sentir-te
Partindo-te assim ao meio.

Submegir-me em teu suor
Brincar de movimentos que sei fazer e refazer
Encarar-te e dizer-te:

"-Não sou tua! Mas quero ter-te."

Contenho-me calada..
Pinto as unhas de vermelho;
É pra você, que comprei um vestido novo.
E ainda nem sabes.

Sem correntes, e amarras.
Queria um dia, quem sabe, pagar-te um cinema.
Só pra pegar na tua mão

Depois de tudo, ver-te cansada.
Dormir em meu colo
Capturar as partículas e átomos
Que compõe esse momento, para ser meu segredo mais secreto.

Ah, como eu queria.
E tu? Será que queres?

Ensaio sobre a vontade - ou, S-E-N-T-I-R.

O que seria, ou significaria vontade? não a vontade que existe no dicionário, mas essa, que se instalou aqui. Dentro de mim.
antes eu tinha vontade, mas era uma vontade visível, palpável e aparente. Mas é engraçado e embaraçoso agora. Eu sinto vontade, ou melhor, eu quero. quero e ponto. eu não queria, pois a partícula "queria" é passado, e, mesmo com uma probabilidade mórbida de tão impossível de se acontecer, se hoje você viesse até a mim, como eu tenho vontade de ir até você, eu ainda quereria, ou melhor, eu ainda quero.
mas é diferente.
Eu não quero que você saiba da minha vontade, eu quero que você me olhe. É o seu olhar que desejo atrair e não "você". Você, pessoa a quem falo, aqui nesse texto. Eu não quero que você me namore, eu não quero que você me ame. O que eu quero de você é que você me enxergue. e depois de me enxergar eu não quero ver seu desejo, não. Eu quero sentir o seu desejo. Sentir assim, sem os olhos, como eu sinto essas palavras saindo do meu desejo agora para o teclado e em seguida, através de cabos, partículas e cursores,chegar à tela do meu computador. e com mais redes e fibra ótica chegarem até o meu blog, e do meu blog chegar, quem sabe, até você.

S-E-N-T-I-R.

Vou dar um exemplo mais claro.

É como se estivéssemos ali. Eu e você frente a frente, num quarto escuro e vendadas. Eu não poderia te ver, mas uma hora, caminhando pelo espaço mínimo de um quarto sem objetos, eu sentiria a sua presença. E depois de sentir tua presença, imediatamente eu te tocaria. Pois a falta, ou a insuficiência dos olhos, nos fazem enxergar com as mãos, ou seja, de um modo mais rústico e direto, isso é sentir. mas não é desse sentir que te falo agora.
Como te disse, hoje é embaraçoso e dificílimo esconder isso de você, Mas eu me esforço muito, mesmo sem saber se tenho êxito nas minhas tarefas de esconder ou não. No fundo no fundo eu sei que quando eu te vejo meu coração acelera. Mas não. Não penses tu que eu esteja apaixonada ou "nas tuas mãos". Isto seria um erro gravíssimo, posto que seja apenas minha, e me dou para quem eu quero, apenas. Seria realmente uma grande tolice tua pensar que eu esteja apaixonada. Eu posso até vir a me apaixonar mais tarde. Mas só mais tarde. Pois agora, o que eu quero de ti é que me descubras. Assim como eu te descobri, ao fechar meus olhos e ouvir tua voz cantar próximo a mim. Para que depois, num quarto escuro e de venda nos olhos, possamos descobrir juntas o que significaria, ou o que seria S-E-N-T-I-R.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A grande sacada.

"...Mar azul na areia bege.."


Sensação gostosa
sol à pino
e um misto de leveza e embriaguez
me conduz direto pro nada
e não me preocupa não saber.
acho que encontrei as respostas que precisava
nas anti-respostas;
e acho que é isso a grande sacada.
o mundo esta cheio de anti-respostas
e eu caminho em direção ao nada.
hoje eu sinto que isso me liberta
mas talvez amanhã eu me sinta cativa...
e daí?!
eu pergunto pra it que até dias atrás não tinha nome e agora já é guase meu amigo.
se eu tiver de me sentir cativa, me sentirei
se tiver de se livre, eu serei bem mais do que isso.
posto que nada me prende. nem minhas dores, os amores que não vivi, as passadas largas que já dei... meus tombos, meus erros, meus acertos, minhas vitórias.. nada mais me prende ao chão.
ou talvez o chão seja o ar "quase responsável" em que flutuo.
Pagar contas, estudas, viver a arte, sair, me divertir e quem sabe me apaixonar?!
acho que essa é a grande sacada.
é viver. independentemente de qualquer coisa..
e a leveza de hoje me faz sentir que eu estou bem aqui;
com a cabeça nas nuvens e os pés fincados no chão. Porém, sem algemas.

Mundo Cão.

E aí?!
quem sabe ai o que é
engolir sapo, fazer o que não se gosta
lavrar, elaborar, criar sem ter inspiração.
viver no mundo cão é quase isso.
e a semana inteira,
de segunda à sexta
e eu até pensei em desistir...
foi quase isso.
mas o gostinho
que eu tô sentindo já
me faz querer continuar.
mesmo sem querer estar lá.
E aí?
Quer dizer que isso me trouxe pro mundo?
Agora me sinto um deles sem ser.
Mundo cão
calo nas mãos
e algo a se pensar.
E agora? bato o pé e reluto:
Jamais serei um deles.

domingo, 9 de novembro de 2008

A flor no infinito.

"... Depois da onda pesada, a onda zen.."

Seu jorge - seu olhar.

Zen.
eis que hoje essa sensação gostosa me apareceu.
cheirinho de flor pelo ar,
bobagens no violão...
bobinha música que eu fiz
com carinha e sonzinho de criança travessa brincando no quintal.
hoje a menina colheu uma florzinha, dessas de jardim e me deu.
me rendeu um sorriso.
a sensação, a palpabilidade da paz...
a fluidez dos acordes..

que bichinho danadinho esse que me mordeu hoje!
e o nome dele é paz.


Olha a cara de orgulho dela, sensação de dever cumprido. Ainda bem que Deus me colocou nas artes. Eu não saberia viver de outro jeito.

sábado, 8 de novembro de 2008

Metamorfose II

Cai o véu da noite. E aqui nesse quarto, dialogo com minhas idéias, sentimentos e memórias. Me destraio um pouco com as risadas e proseamentos de minha irmã, que anda encantadinha por um alemão que prepara sushis, cozinha massas italianas e iguarias da culinária francesa.
Por um estante me esqueço do "buraco e a agulha" e das metamorfoses que permeiam minha alma. Agora, daqui de dentro olho para a minha janela; daqui, não vejo a lua. Só a escuridão da noite; Tão negra noite que de tanto olhar me cego. me vendo e prefiro as vezes, infantilmente, não exergar o que existe a minha frente. Mas o que há de verdade em minha frente, o dentro da noite escura? O que haverá?
Minha irmã foi à cozinha se alimentar, enquanto eu jogo palavras aqui. de lá, ela volta a falar de seu homem ariano e por um instante, eu tento me por na pele dele. O que poderia se passar na cabeça de um homem que nasce no outro hemisfério do mundo, com uma lingua totalmente diferente, com um clima totalmente diferente, e uma cultura gravíssimamente diferente, e derrepente, ele migra de sua pátria materna para morar num país em outro continente, sem saber falar sequer a língua materna do país. Há 18 anos ele mora aqui, no Brasil, e ainda não conhece direito as firulas de nossa língua. Confunde palavras como um bebê que está aprendendo a formar sons om a boca; A decifrar as codificações dos signos que se juntam e formam palavras. Talvez seja assim que sinto-me agora. Um bebê aprendendo a andar, ou um estrangeiro: um brasileiro solto na rússia, caindo de pára-quedas sem nem conhecer o alfabeto de sua língua materna. E é com essa intimidação que encaro este ser que sou eu. E, assim como o meu cunhado ariano, eu espero que com o decorrer desse tempo, eu aprenda a respeitar e conviver com este ser dentro de mim. Mesmo que eu não o entenda claramente ou não saiba ao menos quem ou como ele é.

Metamorfose I

Não te consola dizer-te que não sei quem sou?
antes eu achava que sabia.
Clarice e seus versos me ajudam a me sentir um pouco mais confortável nesse estado, posto que achando uma vez que sabia quem era, desmoronei, quando descobri que toda essa certeza não passava de uma tola ilusão juvenil. Demora um pouco, mas eu vou aos poucos deixando a angústia para mais tarde, e, com a leitura lispectorana vou fazendo sala e reconhecimentos a esse ser tão estranho que decidiu fazer morada nos cantos de minha alma. ou talvez não. talvez ele sempre esteve ali em outro estado, e parece mais que a angústia aguda que eu sentia, era a dor de uma metamorfose. A menina talvez sinta-se estranha com a mulher. E uma olha a outra com pavor. Mas será que é uma mulher? eu não sei. não sei seu nome, endereço, sua cor, suas ideologias de mundo. Talvez esse ser seja híbrido e não seja nada. E isso pode ter me deixado, enquanto menina, assustada. Talvez eu não esteja preparada para entender esse ser, talvez não tenha metade da maturidade que eu achava que tinha. Mas o que é maturidade?! e o que isso significa para esse ser que surgiu de uma angustia? para ele, que de tão híbrido, que mesmo dentro de mim, não consigo identificar suas codificações, eu sinceramente não sei. Mas pra mim que vejo de fora pra dentro, com a ajuda do binóculo de Clarice, talvez essa tão falada "maturidade", seja apenas sentir a angústia aguda dessa metamorfose. Que é como passar pelo buraco de uma agulha, para, assim depois, quem sabe conquistar a amplidão. E, só depois de senti-la com todas as suas agulhas que furam cada vez que eu tento decifrar e entender esse ser que sou, após essa metamorfose, aprender, definitivamente a respeitá-lo e aceitá-lo, como ele vier.
Talvez seja isso.
deixarei o tempo correr.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

It.

"Agora é um instante. Você sente? eu sinto."

Clarice Lispector.

é um instante. e o instante é it.
it é tudo. tudo aquilo que não posso tocar ou conhecer.
certa vez, disseram-me que eu teria de parar de beber, pois,
toda vez que bebo, relato que me sinto triste.
sem pudor. Assim, na mesa do bar.
mas não é o álcool que me deixa triste e eles não sabem disso.
eles não enxergam pois só olham seus copos naquele inebriante momento.
o que me deixa triste é a angústia que sinto;
pois nascer, dói. E além de doer dá um medo agudíssimo.
eu não queria deixar a placenta quente e confortável da minha mãe para ser dragada por esse mundo cruel.
e agora há algo dentro de mim. uma pessoa que se instalou na minha alma, e assisto aterrorizada ela servir-me o chá das 5.
essa pessoa, não é ele e nem é ela. é it. e agora, quando essa pessoa sair de mim, terei de comer minha placenta para me alimentar e ganhar força.
é desumano ou desumanidade?
é it. E a comerei.

domingo, 2 de novembro de 2008

Sobre a angústia.

Algo me angustia. e não é minha rotina desleal ou minha solidão (a não afetiva). Algo está roendo meu âmago, e ultimamente, tenho me sentido sem vida.. sem lembranças boas, sem brilho..
pros meus amigos, me sinto inconveniente. as vezes acho que de algum modo, incomodo; e, talvez por esse sentimento eu me sinta coagida. e eu não sei como explicar isso, mas eu não me sinto a vontade no meio de pessoas que deveriam ser amistosas; e cada vez mais isso aumenta.
eu já não sei o que fazer. alguém aí me salva de mim mesma? Acho que dessa vez eu fui mais do que sincera aqui. Eu tenho medo dos meus defeitos, não sei se minhas qualidades são reais... eu não sei quem sou! e estou rezando fervorosamente pra que essa pessoa que fez morada dentro de mim, se misturando ao meu ser saia já e tudo volte a ser como era antes. eu tenho receio de falar com as pessoas, eu tenho medo do que sai da minha boca e entra pelos meus ouvidos. eu tenho medo de machucar e ser machucada; eu tenho medo de agir e ser coagida; eu tenho medo na verdade, de arriscar. e como é que eu faço pra vencer isso? que graça tem esse jogo de confundir? eu me sinto uma menina de cinco anos de idade, que perdeu a mãe no meio de uma multidão e, se desespera ao notar que ela não estar mais segurando sua mão.. e que agora, ela não sabe o que fazer pra encontrar a própria mãe e o caminho de casa.
eu não quero sair, eu não quero me divertir, eu só quero dormir e quando acordar eu só queria que isso acabasse.

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