sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Carta aos amigos.



Eis que posso dizer feliz: Meus amigos me matam de orgulho. Eles são o que nunca fui. Eu? Eu apenas brinquei. Brinquei feliz e arredia de ser menina, cantora, atriz, instrumentista e escritora (brinco agora, aqui). Cheia de mim, quando chego de viagem, vez ou outra sou convidada a platéia; Luzes, cores, sons, imagens...Através de seus olhos ávidos, sedentos, eles me levam ao mundo e suas estórias fantásticas. Ao final, um abraço gostoso.. um afago e sorrisos. Volto pra casa nostálgica, triste e saudosa dos tempos em que brinquei de estar do outro lado, no palco com eles. Hoje, os ventos me sopraram pra longe e daqui, de onde estou, vejo brilhar aquela estrela dourada nos olhos dos moços e moças com quem eu ria e cantava nos quentes Dezembro. Praça cheia, sol à pino. "..Estranhem o que não for estranho..."; pétalas de rosas, sonhos e aquele cheiro de juventude pairando pelo ar. Hoje a brincadeira ficou grave. Brinco de ser adulta o tempo todo, descobri aqui meus amados, que caçar o sol e apertá-lo com a mão é tão sério quanto as notas graves das canções que fizemos.Já não tenho tempo pra brincar de poeta e quase nunca empunho o violão. Porém a poesia daquele operário jamais se calou dentro de mim. Ela brilha numa explosão reluzente cada vez que vejo fotos de vocês, atuando em lugares diferentes. Feliz é ver que a brincadeira se tornou grave. bom é saber que sonhos nunca morrem. e eu os guardo aqui, todos vocês, como as coisas mais preciosas que já pude conquistar. um beijo na alma de cada um,

Lays .


Dedicado à Elilson, Dêdê e à todos os meus queridos amigos do Nucleo de pesquisa em teatro do SESC Santo amaro, Recife -Pernambuco.

domingo, 19 de setembro de 2010

Áquosa.

Água
Líquido fluídico que nos envolve
Sagrado ou profano?
Amor alado.

Noite escura
Percorro os caminhos de meu sangue
Em tuas veias.

Suspiros abafados e lentos.
O brilho das estrelas não ofusca
E sim convida.

O galope alado de nossas almas nos guia
Para onde iremos?
Aonde vamos chegar se a incansável busca nunca cessará?

sábado, 11 de setembro de 2010

O Senhor das Folhas

Era uma vez, um moço que vivia dentro da mata. Cuidava das plantas e das flolhas. Sabia de todas as funções homeopáticas e curava através das folhas. Seu nome foi perdido entre o espiral do tempo, e as gerações de hoje, só o conhecia em terreiros de candomblé. Um dia, uma moça foi passear pela floresta que perto de sua casa existia. Banhou-se nas aguas da cachoeira, mastigou folhas de hortelã, e se esqueçeu da tarde que caia por entre o horizonte vermelho. Já era noite, e ao voltar para casa, deparou-se com um homem de feição moça; peles de carneiro cobriam seu corpo e havia em sua cabeça um gorro verde ornado com folhas e palhas-da-costa.
-Qual é o seu nome? Perguntou a moça curiosa com os olhos pregados em suas vestes de caça.
-Diz-me com quem tu andas que te direi quem és. Disse o formoso negro a moça de pele alva e cabelos loiros.
-Mas eu não quero dizer quem eu sou, apenas perguntei o seu nome!
-Meu nome está encima das árvores, em cada folha meu nome está guardado; gravado em cada cura, em cada chá pra dor de barriga ou para dor de cabeça. Agora vai moça, que hoje, tunão saberás, porém no dia em que nasceres descobrirás quem eu sou.
E como veio, foi-se o homem misterioso coberto de peles de carneiro, pulando mistériosamente numa perna só. A moça seguiu seu caminho para casa entrigada com tanto mistério. Pensou consigo mesmo: “Será que estou ficando louca? Agora dei para ver saci no meio da mata!”
E o tempo veio dançar com a menina como o vento dança com as folhas. Os anos se passaram e de menina, a moça se tornou uma bonita jovem, cheia de vida e sorrisos. Um dia, Quando passava por um sítio misterioso, onde ninguém da vizinhança ousava passar, a menina sentiu uma tontura estranha... algo que nunca tinha sentido. Rufaram-se os atabaques; Tudo foi ficando escuro, e quando acordou, Estava no meio de um povo estranho... homens e mulheres de branco, chocalhos estranhos e atabaques batiam e soavam tão forte que sentia vibrar em sua alma. Um cheiro estranho, lhe tomava as narinas; Cheiro de mato, cheiro daquele homem mistérioso que havia visto a tantos anos atrás; Derrepente, suas forças foram foram esvaindo-se devagar, e algo pegava-lhes as carnes e as tremia como que para mostrar-lhe, como que para dizer-lhes: “Estou aqui!” E nem o mais ateu dos homens desconfiaria daquelas forças tão estranhas que lhe tomava o corpo daquela forma. Logo, um brado surgiu de sua boca. Um brado que cortava-lhe a garganta de tamanha força: “EWÊ, EWÊ; MINHAS FOLHAS!” E derrepente, tudo fazia sentido. Nada mais era noite escura. E no meio daquele salão, como num sopro de brisa, um nome foi soprado em seu ouvido. Todos a carregavam pelos braços. E de salto balbuciou: “VIVA MEU PAI OSSAIM, O SENHOR DAS FOLHAS”.
E desde então, surgiu uma moça, que encontrou no mundo em que tudo era perdido, o nome do senhor das folhas.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Carta aos amigos.



Eis que posso dizer feliz: Meus amigos me matam de orgulho. Eles são o que nunca fui. Eu? Eu apenas brinquei. Brinquei feliz e arredia de ser menina, cantora, atriz, instrumentista e escritora (brinco agora, aqui). Cheia de mim, quando chego de viagem, vez ou outra sou convidada a platéia; Luzes, cores, sons, imagens...Através de seus olhos ávidos, sedentos, eles me levam ao mundo e suas estórias fantásticas. Ao final, um abraço gostoso.. um afago e sorrisos. Volto pra casa nostálgica, triste e saudosa dos tempos em que brinquei de estar do outro lado, no palco com eles. Hoje, os ventos me sopraram pra longe e daqui, de onde estou, vejo brilhar aquela estrela dourada nos olhos dos moços e moças com quem eu ria e cantava nos quentes Dezembro. Praça cheia, sol à pino. "..Estranhem o que não for estranho..."; pétalas de rosas, sonhos e aquele cheiro de juventude pairando pelo ar. Hoje a brincadeira ficou grave. Brinco de ser adulta o tempo todo, descobri aqui meus amados, que caçar o sol e apertá-lo com a mão é tão sério quanto as notas graves das canções que fizemos.Já não tenho tempo pra brincar de poeta e quase nunca empunho o violão. Porém a poesia daquele operário jamais se calou dentro de mim. Ela brilha numa explosão reluzente cada vez que vejo fotos de vocês, atuando em lugares diferentes. Feliz é ver que a brincadeira se tornou grave. bom é saber que sonhos nunca morrem. e eu os guardo aqui, todos vocês, como as coisas mais preciosas que já pude conquistar. um beijo na alma de cada um,

Lays .


Dedicado à Elilson, Dêdê e à todos os meus queridos amigos do Nucleo de pesquisa em teatro do SESC Santo amaro, Recife -Pernambuco.

domingo, 19 de setembro de 2010

Áquosa.

Água
Líquido fluídico que nos envolve
Sagrado ou profano?
Amor alado.

Noite escura
Percorro os caminhos de meu sangue
Em tuas veias.

Suspiros abafados e lentos.
O brilho das estrelas não ofusca
E sim convida.

O galope alado de nossas almas nos guia
Para onde iremos?
Aonde vamos chegar se a incansável busca nunca cessará?

sábado, 11 de setembro de 2010

O Senhor das Folhas

Era uma vez, um moço que vivia dentro da mata. Cuidava das plantas e das flolhas. Sabia de todas as funções homeopáticas e curava através das folhas. Seu nome foi perdido entre o espiral do tempo, e as gerações de hoje, só o conhecia em terreiros de candomblé. Um dia, uma moça foi passear pela floresta que perto de sua casa existia. Banhou-se nas aguas da cachoeira, mastigou folhas de hortelã, e se esqueçeu da tarde que caia por entre o horizonte vermelho. Já era noite, e ao voltar para casa, deparou-se com um homem de feição moça; peles de carneiro cobriam seu corpo e havia em sua cabeça um gorro verde ornado com folhas e palhas-da-costa.
-Qual é o seu nome? Perguntou a moça curiosa com os olhos pregados em suas vestes de caça.
-Diz-me com quem tu andas que te direi quem és. Disse o formoso negro a moça de pele alva e cabelos loiros.
-Mas eu não quero dizer quem eu sou, apenas perguntei o seu nome!
-Meu nome está encima das árvores, em cada folha meu nome está guardado; gravado em cada cura, em cada chá pra dor de barriga ou para dor de cabeça. Agora vai moça, que hoje, tunão saberás, porém no dia em que nasceres descobrirás quem eu sou.
E como veio, foi-se o homem misterioso coberto de peles de carneiro, pulando mistériosamente numa perna só. A moça seguiu seu caminho para casa entrigada com tanto mistério. Pensou consigo mesmo: “Será que estou ficando louca? Agora dei para ver saci no meio da mata!”
E o tempo veio dançar com a menina como o vento dança com as folhas. Os anos se passaram e de menina, a moça se tornou uma bonita jovem, cheia de vida e sorrisos. Um dia, Quando passava por um sítio misterioso, onde ninguém da vizinhança ousava passar, a menina sentiu uma tontura estranha... algo que nunca tinha sentido. Rufaram-se os atabaques; Tudo foi ficando escuro, e quando acordou, Estava no meio de um povo estranho... homens e mulheres de branco, chocalhos estranhos e atabaques batiam e soavam tão forte que sentia vibrar em sua alma. Um cheiro estranho, lhe tomava as narinas; Cheiro de mato, cheiro daquele homem mistérioso que havia visto a tantos anos atrás; Derrepente, suas forças foram foram esvaindo-se devagar, e algo pegava-lhes as carnes e as tremia como que para mostrar-lhe, como que para dizer-lhes: “Estou aqui!” E nem o mais ateu dos homens desconfiaria daquelas forças tão estranhas que lhe tomava o corpo daquela forma. Logo, um brado surgiu de sua boca. Um brado que cortava-lhe a garganta de tamanha força: “EWÊ, EWÊ; MINHAS FOLHAS!” E derrepente, tudo fazia sentido. Nada mais era noite escura. E no meio daquele salão, como num sopro de brisa, um nome foi soprado em seu ouvido. Todos a carregavam pelos braços. E de salto balbuciou: “VIVA MEU PAI OSSAIM, O SENHOR DAS FOLHAS”.
E desde então, surgiu uma moça, que encontrou no mundo em que tudo era perdido, o nome do senhor das folhas.

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