terça-feira, 30 de junho de 2009

Saindo do armário.

um desconforto latente, que sopra lento no meu ouvido. aqui faz frio, e talvez eu nem seja tão sexual como se deve parecer por aqui. lascividade é gostoso mas nunca foi o meu forte. aqui faz friu e tô bem encolhidinha dentro de mim, precisando de um gigante cobertor. é, essa carência canceriana me enfraqueçe tanto quanto uma doença terminal. fragilidade, vulnerabilidade, dependência; eu não sei mais que porra é isso que eu sinto por ser tão segregária assim, mas vou parar de lutar conta mim mesma. preciso reconhecer que:

Meu quarto é branco mas eu queria que ele fosse azul. meu violão anda meio mudo, e nem todas as coisas que eu acreditava são reais ou estão onde elas deveriam estar.

eu sou assim, canceriana com ascendente em escorpião. uma dúzia de amigos pós-contemporâneos, me dizem que esse ascendete me salva, mas eu tenho que gritantemente assumir o que essa carênciazinha ridícula berra pra mim todos os dias:

Não. ascendente em escorpião não me salva. eu sou uma canceriana bem nata e daquelas que quer casar e ter dez filhos pela casa correndo e quebrando tudo só pra ter o prazer de ouvir aqueles jungles clichês do dias das mães da minha ninhada.

sou assim. sentimentalista, melô-dramática, saida diretamente de uma novela mexicana, e choro 15 litros por dia se você ela não diz que me ama. irremediávelmente romântica, sensível até demais, e carente. E não pense que é carente de amor não. eu sou carente de toda e qualquer coisa que envolva pessoa. eu sou carente de amigo, de irmão de mãe, de pai, de abraço, sou carente de sol, de mar, de natureza, sou carente de vida e de morte.


e quer saber do que mais?! você que acha ruim meu bom amigo, paciência. porque eu não tenho culpa de ter nascido com o sol na casa mais melô-dramática do zodíaco. sou canceriana mesmo e gosto de sê-lo. Passei um tempão tentando esconder isso de mim mesma, mas de quê adianta?!


Ah, e que fique bem claro: Escorpião não me salva. e a maioria das pessoas que sofre por amor, e que já tiveram desilusões amorosas ficariam mais felizes se existissem mais cancerianos dando sopa no mundo.

E tenho dito!

As cartas que eu escrevo pra ninguém;

3 segundos antes do beijo
dez minutos depois da partida
15 dias de solidão
2 semanas pra chegada.
será destino ou mera coincidência?!
e eis me aqui outra vez.
5 de muitos
7 de poucos...
dois anos, e muita coisa mudou.
cheiro de fumaça e cimento
construção.
estrada
voa,voa, moça do laço de fita azul
um sol amarelo te encontrará no infinito
nem que esse sejam meus olhos...






(continua...)
"Eu gosto dos que tem fome,
dos que morrem de vontade
dos que secam de desejo,
dos que ardem.
"

F-O-M-E.

olha de lado, sorrateira e como de costume, bastante fulgás.
ela ri pra mim como o quê eu não sei. mas se senta.
acende um cigarro, pede um café, expresso e com leite. até a borda.
muitas vezes lê apenas as colunas de arte no jornal, se faz de tonta.
joguetes, e unhas roídas de vermelho.
dizem que é uma dona infeliz. que não tem ninguém;
talvez se ela fosse um pouco menos pedante, eu daria o que ela quer.
vem aqui todo dia só pra olhar, "não sei o quê".
senta à mesa, pede o mesmo café. eu já a conheço.
desses e de mais outros carnavais, prefiro nem comentar.
renega, rejeita, cospe dentre meus aventais enquanto lhe sirvo, condena os iguais...
mas me olha. Rente e firme. Olha sim, eu vejo;
eu sinto o queimor que sobe por suas pernas quando lhe vem à boca o café com leite.
até a borda...
até derramar encima de mim por susto ou tremor. ela quer tanto que não consegue...
não disfarça. mas se essa dona fosse menos, menos... menos "assim", eu a levaria
pra aquele motel de quinta, ali na esquina
e a mostraria, que um café expresso com leite nunca foi suficiente
pra alimentar seus devaneios de impudor; e muito menos serviria para matar
sua fome.

5 meses.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

tudo é uma questão de manter: a mente quieta, a espinha ereta, e o coração tranquilo.

O sonho.

um sonho.
de que se alimentam os que dançam em meu coração?
seio-coração.
lado esquerdo do peito.
escrevo as paixões
moldo estrada de dois;
morro a cada noite
nasço a cada manhã
e me dobro tantas vezes
me faço flor..
amor novo
sorriso franco.
pés numa caminhada moça
sou camadas.
nas quais me dispo uma a uma
pra ti, ó flor que planta com tuas raízes
esses sonhos em mim.
põe-me à dormir
com uma canção de ninar.
não quero acordar,
não quero que finde no despertar...
da realidade.

Longíquo.

daquilo que sei,
tudo se transforma.
ser intimista,
longínquo...
pensamentos de paz.
avida questão que inquieta o ser.
me parindo todos os dias
essa manh]a de saudade e sal que me consomem.
pareçe que quanto mais regozijo
mais dor, mais cresço
olho-te tão de perto
que meu olho se espelha
em tua retina.
ah, dias escuros e bolorentos sem teu calor em mim.
mas que posso fazer se destino não se escolhe?!
por isso vivo assim.
felicidade e recato
sorriso de lado,
pensamento longínquo...
ontem teve um sabor diferente. tudo mais bonito e tantos sorrisos..

Daquilo que não sei.

aquilo que eu quero e desejo
não se esconde nos livros
não mora nas estantes,
chega através do vento
que traz esse cheiro inconfudível.
o corpo,
o beijo,
a beleza sem fim.
tudo me arrasta e me atrai.
e eucaio.
caio na rede sedutora daquilo que não conheço
daquilo que vem até mim.
o que eu sei?!
nada sei.
mas olho o horizonte.
o vento sopra meus cabelos
caminho em direção aquilo tudo
que desconheço
que nada é
e por ser nada, é sempre
tudo.

sábado, 27 de junho de 2009

W.C

sentou na mesa da frente, como quem não queria nada.
passava os olhos obre as revistas, magazines e notícias.
mas sem mais olhou pra mim.
olhou pra frente.
O vinho era bordô, o batom era vermelho.
cabelos pretos... íris rente como faca.
ela sabia o que queria, mas gostava de jogar.
vestido leve, se o vento passa, já sabe.
divida seus olhos entre as manchetes e as minhas pernas.
sorria de lado,
era ousada como uma revolucionária.
fez sinal, olhou a placa.
"WC."
foi na frente, e esperou.
na última cabine, os sapatos vermelhos aparecia.
entrei atrás.
peguei por trás.
sorte fulgás.

depois saiu.
pediu o telefone,
nunca mais esteve na mesma mesa
por entre as magazines
mas fazia calor;
me chamou pruma piscina...


aí, já sabe né?!

Jogo.

faz que não olha e volta
volta porque é poema
de leminsky;
poema de linhas aleatórias
que voem aqui, e voem lá.

finge que não me vê e desdenha;
desdenha porque está chegando
desdenha porque quer comprar.

se abraça no braço da outra
olha pelas costas e ri
ri pra mim como quem derruba um lenço

e debruça... debruça...

terça-feira, 23 de junho de 2009

"eu tenho medo de abrir a porta e dar pro sertão da minha solidão."

Belchior.

Felicidade intimista e bem canceriana.

É. eu acho que posso dizer que hoje foi um dia tipicamente feliz. cotidianamente, fui puxando minhas memórias uma a uma, sorrndo com as fotografias, sentindo o cheiro morfado do meu passado, e relendo as minhas camadas, que como escamas, foram mudando ao sabor do tempo... hoje, não há mais a sede de beber o mundo num gole só; mas a pressa de buscar aquilo que tem gosto doçe, sabor de leite condensado numa tarde chuvosa... beleza de flor e sorriso de criança que ganha do papai noel o primeiro brinquedo. minha felicidade é assim. simplória e feliz. Com a luz do sol, que entra no meu quintal.
sonhamos tanto com a casa nova... ela quer cores nos talheres e tapete na sala de estar; eu gosto de pendurar quadros e pintar paredes. criançinhas correndo pela casa, desorganizando os nossos pincéis e tintas, desafinando meu violão... quebrando coisas, perguntando os "por quês" da vida ser do jeito que está.
E hoje, dentre nostalgias de são joão, fiz a fogueira sozinha. minha primeira fogueira. posto que nos próximos anos eu a farei novamente pros meus filhos, pros meus netos. hoje, senti ar de lar nessa casa, e isso me trouxe uma felicidade íntima, uma paz inabalável que me serve de couraça. posto que aqui, nada de mal pode entrar. é proibido tristezas e memórias ruins. do passado ao futuro, a minha felicidade sempre será assim: cheiro de casa limpa a tarde, debruçada sobre a rede. livros, discos, e um beijo doçe junto com a inefável sensação de dever cumprido.

domingo, 21 de junho de 2009

RE-abrindo, RE-habilitando, RE-cordando..

"it's not a secret anymore..."

As ondas batem nos meus cabelos.
cheiro de mar.
as estrelas caem empleno dia
como lembranças remotas que saem de uma antiga e empoeirada caixa de fotografias.
é como um encanto que nunca cessa.
aquela chuva...

uma manhã.

Presságios de julho.

Frios de julho, que presságios vos trazem?
sopros de ventos,
garoa fina
saudade, saudade

inverno.

alento?
coberta, ou cobertor?!
pele, pêlo?!
corpo ou moletom?!


o que me vem de presente dos deuses nessa primavera?
paz, amor, ardor, suor?
frio, ilusões, sonhos?


ontem as cartas disseram
que eu tenho sorte
e a estrela anuncia
a chegada de um novo tempo.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

"STF derrota diploma para jornalistas."

Hoje pela manhã, como de custume, fui ao trabalho e abri um dos jornais de grande veiculação que chegam aqui (posto que trabalho numa biblioteca) no Recife. Não é espantoso ler barbaridades nesse jornal, posto que se trata de um jornal que banaliza o fato de recife ser a capital mais violenta do brasil, com o maior número de homicídios registrados em todas as espécies: contra homens, mulheres, negros, homossexuais, de um modo geral, colocando, nas suas matérias de capas, fotos fotos de corpos com bucacos de balas e facadas com fins de maior vendagem sensasionalizando a dor dessas mulheres que perdem todos os dias seus filhos, maridos, netos, etc. Desse jornal, só costumo tirar o caderno de cultura, porém hoje, algumas notícias específicas me chamamaram atenção: "STF DERROTA DIPLOMA PARA JORNALISTAS; ESTUDANTES DE JORNALISMO PROTESTAM - STF julga inconstitucional a obrigatóriedade do diploma para exerçer profissão".
É muito triste preceber a banalização da comunicação no nosso país. É ABSURDA A DECISÃO DO STF de julgar inconstitucional a obrigatóriedade do porte do diploma para exercer a profissão de jornalista no Brasil. Pois, mesmo enquanto se era obrigatório o porte do diploma para exercer tal profissão, já havim profissionais anti-éticos, sensasionalistas, e sespreparados no mercado (esses que são responsáveis por esse jornal que citei à pouco, no texto acima por exemplo.), descompromissados com o dever de levar os fatos verídicos e não-destorcidos (sejam eles bons ou ruins) para à sociedade; Profissionais, jornais, revistas, veículos televisivos e escritos, que publicam a notícia de forma mais conveniente à quem paga mais; - se com a obrigatóriedade do porte do diploma, já encontrávamos esse tipo de jornalismo descompromissado e corrupto no país, imaginem, meus caros amigos, o que veremos pela frente, com a incostitucionalização da obrigatóriedade do diploma para exercer a profissão em questão?
É, realmente eu não sei o que esperar. Temo profundamente pelo rumo do jornalismo brasileiro. Terei real medo de abrir um jornal daqui para frente, pois não estarei segura quanto ao compromisso com a veracidade daquela notícia ou até mesmo o compromisso profissional com a verdade de quem publicou e escreveu aquela notícia. Eu REALMENTE ESTOU PREOCUPADA. E se o padeiro decidir ser jornalista?! não que esses profissionais, seres humanos não possam ser capazes de atingir ou desenvolver tal profissão. mas um padeiro, antes de se tornar padeiro, estuda (aprendizado geralmente prático) para entrar e manusear o forno de uma padaria para fazer o pão. ele APRENDE a fazer o pão. ele SE PREPARA para ser padeiro. Mas segundo o presidente do STF, Sr. Gilmar Mendes, "Quando uma notícia não é verídica, ela não será evitada pela exigência de que os jornalistas frequentem um curso de formação. É diferente de um motorista que coloca em risco a coletividade. A PROFISSÃO DE JORNALISMO NÃO OFEREÇE PERIGO DE DANO À COLETIVIDADE tais como a mediçina, engenharia e advocaçia, e nesse sentido, por não implicar tais riscos, não poderia extinguir um diploma para exercer a profissão. Não há razão para se acreditar que a exigência do diploma seja a forma mais adequada para evitar o exercício abusivo da profissão."
Com a queda da obrigatóriedade do diploma, que prova que o estudante estudou e se capacitou em determinada área para exercer tal profissão, tendo cursado qualquer curso superior QUALQUER PESSOA PODE SER UM JORNALISTA. Simples assim. Eu, que já não confiava muito na procedência das notícias que chegam até a mim por meio dos grandes veículos de comunicação e mídia nacional, agora estou piamente desconfiada. Inda mais com o âncora, do jornal televisionado com mais audiência no país afirmando que a emissora a qual ele e seu jornal pertencem já executavam essa prática entre os seus redatores. E você caro leitor? O QUE VOCÊ ESPERA DO FUTURO DO JORNALISMO NO BRASIL?

quinta-feira, 18 de junho de 2009

¬¬¹²³

"o que vocês esperam de crianças que adolescem entre bombas? pombas?"

quando eu era mais nova tinha uma daquelas agendas tribus, e aíaprendi essa frase numa delas. foi na década de 90, bem antes de euentender que era sapatão. lembrei dela hoje, enquanto via na internetnotícias sobre a parada lgbt de são paulo, no domingo passado (14 dejunho). li dois jornais da grande mídia corporativa, pra ficar passadacom o trato dado ao ATENTADO HOMOFÓBICO que aconteceu já na noite dodomingo 14. um dos jornais chamou a BRUTAL TENTATIVA DE ASSASSINATOque uma pessoa anônima, moradora da avenida vieira de carvalho, de"irritação com o barulho". transcrevo: "No episódio mais grave, por volta das 22h, o morador de um edifíciona avenida Vieira de Carvalho (centro) se irritou com o barulho depessoas que dispersaram da festa e jogou uma bomba caseira no grupo.Segundo a Polícia Militar, 30 pessoas ficaram levemente feridas peloartefato. O morador não foi identificado." (folha de sp, 15/06) sei que no brasil existe esse costume, legado de uma ditadura militarrecente que durou mais de 20 anos, de acionar demais a polícia praresolver assuntos comunitários. tipo, festa barulhenta na vizinhançaaté altas horas no meio da semana? chama a polícia. passamos por issoaqui em casa várias vezes, mas nada me convence de que a vizinha"irritada com o barulho" em questão, uma senhora advogada que me viucrescer à sua relevia y pra seu espanto, não fica irritada é com aescolha que fizemos por não termos uma vida secreta, por ficarmosconversando na porta de casa enquanto nos beijamos, abraçamos,rimos... mas oficialmente ela reclama do barulho e diz que vai chamara polícia.a esse tipo de conduta reacionária estou, infelizmente, já acostumada,mas, felizmente, segura o bastante pra agir com firmeza e dizer "ok,pode chamar". o que me angustia, agora, pós-atentado de 14 de junho, épensar na possibilidade de receber uma bomba no meio do pagode dedomingo. do terrorismo de estado, com sua polícia racista assassina,eu infelizmente já estou mais amortecida também. mas terrorismo devizinhança eu não dou conta. isso tira meu chão, me rouba de um dosafetos mais preciosos a que me apego: a idéia de comunidade comoespaço de convivência também de conflitos, que podem ser resolvidoscom uma conversa, um convite pra próxima festa, uma gentileza.pode ser que a vizinha, lendo o jornal do dia 15, decida aprender afazer uma bomba (como qualquer pessoa pode aprender procurando umtutorial na internet) ao invés de ficar me ameaçando, dizendo que vaichamar a polícia quando estamos fazendo barulho. porque o jornal, aotratar o atentado como uma "irritação", legitima o uso de violênciasextremadas pra resolver conflitos comunitários e ainda mascara agravidade do fato ao citar o evento como se fosse de uma naturalidadecorriqueira, perfeitamente justificável em casos de "irritação combarulho".no dia da maior parada nacional de orgulho LGBT uma bomba não élançada da janela por "irritação com o barulho". uma bomba é jogadaporque vivemos numa sociedade heterossexista que persegue, condena epune qualquer possibilidade de expressão de afeto e prazer (sexual ounão, silenciosa ou barulhenta, explícita ou velada) entre pessoas demesmo sexo/gênero, e estende essa punição às tentativas de exercíciolivre de expressões ou orientações de sexo/gênero que contrariem aforçadamente fingida "naturalidade" do heterossexualismo, com suaatribuição asfixiante, fixa e fictícia de papéis determinados amulheres e homens.o enorme pudor moralista (cristão!) que ronda a aprovação do plc 122,que criminaliza a homofobia, é só mais uma dessas ferramentas demascarar as coisas. o principal argumento da bancada evangélica contraa criminalização é que isso cercearia a "liberdade de expressão", essemaravilhoso bem garantido constitucionalmente. LIBERDADE DE EXPRESSÃO,NO BRASIL, JÁ É CERCEADA! evidência disso é o acesso à produção demídia no brasil, completamente elitista, misógino e branco. de quemsão os grandes jornais brasileiros? estão a serviço de que interesses?o dono do jornal de maior circulação em brasília é o vice-governador!é por isso que ninguém vai ler, no tal jornal, que a campanha que ogoverno arruda fez pra expulsar travestis de seu local tradicional detrabalho em brasília, o setor comercial sul, é uma política de governocompletamente transfóbica, que prega assepsia social e higienizaçãourbana fundamentada pelo moralismo heterossexista, cristão, racista ecapitalista que governa os interesses do estado. não é possívelexistir liberdade de expressão ampla, irrestrita, democrática ecomunitária num país em que o acesso a bens culturais é elitizado,embranquecido, heterocentrado. não são as travestis que escrevem osjornais que as tratam como lixo social!criminalização de condutas é outra daquelas heranças ditatoriais.negritude é caso de polícia. movimento social é caso de polícia.reforma agrária é caso de polícia. trabalho autônomo, pratrabalhadoras do sexo, é caso de polícia. sexualidade livre, sedivergente de um padrão tido como correto, é caso de polícia, écriminalizada. então me espanta o horror que a bancada evangélica temao plc 122. e me espanta essa política de criminalização em massa decondutas. como ativista negra, lesbiana, feminista, fico triste de verque essa é uma de nossas principais bandeiras hoje: pedir que maiscondutas sejam consideradas crimes. porque isso significa, no fim dascontas, mais sistemas de vigilância e punição, e mais gente nascadeias (que só confinam gente preta, gente pobre - majoritariamentepreta num país que cresceu a partir da escravização negra, genteputa...)óbvio que são medidas drásticas, imediatistas, que precisam sertomadas frente a conflitos urgentes. a criação da lei maria da penha éconsiderada, então, uma vitória das mulheres. mas teve gente quepensou que com ela os homens não iam mais espancar mulheres... o quenão aconteceu. agora os homens são presos, ficam fervendo de ódio dasmulheres que os denunciaram, e saem da cadeia (que já é bem conhecidacomo uma escola de crime, mas não de recuperação nem de reinserção,até porque é bem contraditório tentar reinserir alguém na sociedade apartir da restrição de sua liberdade) prontos pra continuar sendohomens.no caso de estupradores, é tão dramático quanto. um estuprador temduas chances na cadeia: ou se enforca ou "vira mulher". ATENÇÃO! se apunição a um macho que violentou uma mulher é ser tratado, por outrosmachos, como ele tratou a mulher que violentou, que círculo viciosoestá sendo alimentado com isso? o de um imaginário misógico quecontinua punindo as mulheres por serem mulheres, com penetraçãonão-consensual e violenta, enquanto dá aos homens: 1) o benefício doestupro como ferramenta de punição das mulheres (por serem mulheres,i.e., inferiores), 2) um instrumento de reafirmação de seu poder deser homem (i.e., poder de penetrar) e 3) a garantia de que essaviolação não é passível de pena a partir da masculinidade (ou seja, amasculinidade é uma estrutura impune, já que pra punir estupradores,eles são tratados como mulheres).eu entendo a importância política da luta pela criminalização dahomofobia. mas ela só faz sentido se pensada dentro desse tipo demundo em que o exercício da expressão afetiva ou sexual livre vaicontinuar sendo penalizada, não-aceita, meramente tolerada a partir demecanismos que coíbem sim a violência contra quem ousa dizer seu afetodivergente de uma norma estabelecida, mas não vai dar conta dedinamitar as estruturas de pensamento e ação que pregam o desafeto aoque é entendido como diferente (daquele "normal"). a criminalização dahomofobia não vai acabar com a lesbofobia, com a transfobia, com ahomofobia, com a bifobia.vai funcionar pra deixar pessoas homofóbicas cientes de que há um novoacordo social, relativo ao código penal, que pune determinadasviolências, mas vai fazer alguém pensar em heterossexualidade como umaorientação sexual forçada, repetida maciçamente até a exaustão; seráque vai fazer alguém pensar, como nunca admitiu pensar antes, em seenvolver de outras maneiras com as pessoas? vai fazer as pessoasabandonarem o conforto do heterossexualismo ou pelo menosquestioná-lo, vê-lo como uma opção e não uma determinação natural edivina? vai fazer as pessoas pararem de querer jogar bombas na gente,ou só vai impedi-las de jogar pelo medo de ir pra cadeia?

quarta-feira, 17 de junho de 2009

pergunte pro seu orixá, amor só é bom se doer.


e acredite, dói.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

"Deus escreve certo, por linhas tortas." - ou, "Para o meu querido pai."

Ele buzinou no portão. e era uma sensação estranha, um frio comendo meu estômago com o um leão comeraia um pedaço de carne fresca. era o meu pai. apesar do longo tempo que se passou entre esta e a última vez que eu o vi, não houveram sorrisos. surge dele um tórrido: "boa noite minha filha" enquanto eu, de costas, respondi fria, e exata com uma flecha num alvo: "boa noite". foram muitas palavras e sorrisos com a outra filha, e eu de dentro do meu casco, como todo bom carangueijo canceriano, apenas observava calada o avançar da sinfonia. Notas, boemóis, sorrisos falsos para o outro lado, e de dentro de mim achava estranho. Como chamar um homem que, apareçe quando quer, e não lembra nem se quer do meu aniversário? pensei enquanto ele falava altivo, e rufante sobre a pseudo-vida mediocre de cidadão mediano que ele conseguiu lucrar através da esperteza. olhei seu rosto. engraçado reconhecer meus traços num homem que me passa menos segurança do que a minha mulher, que a pouco era uma estranha na minha vida. foi-se desenvolvendo uma agústia aguda, um sentimento crescente e ponte-agudo que se cobria do meu silêncio. porque então, seus assuntos principais eram negócios. ele não se deu conta de que, na verdade, não era bem aquilo que eu queria escutar. continuou a fala sobre o seu escritório, suas outras filhas e sua mulher. Um contador foi hoje a minha casa. mas nem pra cobrar nem pra pedir. Pra dar 3 tapinhas na minhas costas, e sumir mais uma vez, sem data de volta. em sua pasta, me contabilizou dez mízeros reais. Para absorvente, e creme de cabelo. Pedidos por mim, com muita timidez. por ter salários atrasados, e não ter costumes de falar desses assuntos pessoais com homens estranhos. talvez, esse seja o preço de sua filha mais velha. a primeira vinda de suas inconsequências em seus dezoito anos de idade. E por ironia do destino ou talvez para cumprir o dito popular "Deus escreve certo por linhas tortas", cá estou eu. sem amigos para conversar, e escrevendo. talvez daqui saia um bom texto. afinal de contas, a desgraça alheia sempre cai muito bem aos olhos dos outros. que seja. mas o que mais me espanta, e me apavora, é que eu. canceriana matriarca que sou, descobri onde estava a insensibilidade para com ele que, durante todos esses anos, ele cultivou e regou dentro de mim.

domingo, 14 de junho de 2009

ainda sinto no ar
aquele cheiro empoeirado
os prédios da cidade mudam de lugar
enquanto eu, nessa caminhada sem rumo sigo minha intuição.
espera.
longa e sem fim
e hoje ainda me perguntaram, se eu gostaria de ter super-poderes;
se eu pudesse, eu gostaria de controlar
o tempo.

ou o fim da falta dele.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Sobre o egoismo.

A necessidade do ser humano em ser maior do que todas as coisas relamente me apavora.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Dos bichos que moram dentro de mim.

das coisas que eu não sei
das coisas que eu vivo
há um laço com o ifinito
gosto de mel, com pota de fel
nó na garganta de não sei o quê.
e os bichos vão se instalando.
a cabeça fora do lugar..
.preciso mudar
preciso voltar ao normal.
eu quero luz de sol
jardim de sonho
paz pro meu coração, paz paz.
pra que tudo que for ruim pereça
pra que o que é bom permaneça
e esse sorriso volte a sorrir largo
se abrir como flor
cor de carmim.
protege meu deus, alumia.
tira as coisas que não são minhas
e deixa tudoq ue for meu, e que for bom.


menina do anel de lua e estrela.


Instante de dois. sem mais nem pra depois.
"catei colo, e o mar parou."

doçe.
sensivel, e lento
esse teu sopro leve sob minha nuca
toda a tua pessoa
e essa coisa que envolve
eu não sei explicar;
mas é único e forte
um instante nosso
de dois.
e é aí em ti que quero permanecer.
desculpa meus medinhos de bicho papão.
é que eu sou assim mesmo.
mas é em ti minha casa predileta de morar.
esse amor, mola do meu mundo.
essa luz, farol da minha estrada.
teu corpo, cama pra deitar
dormir.
estar, ser e viver:
em ti.

domingo, 7 de junho de 2009

Gris.

Nó na garganta
dissabor amargo
dor latente
e algo que se cravou aqui
pelas mãos da desilução de sonho feliz de lar.
estou casanda.
e não peço muita coisa não.
hoje eu só queria encontrar um amigo
tomar uma cerveja
soltar todos esses bichos que me mordem em meu peito
deitar no colo da menina,
eidormir.
pra esquecer que o mundo é cinza.


"disparo balas de canhão, é inútil, pois existe um grão visi, há tantas violetas velhas, sem um colibri.."

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Um outro jeito de olhar o mundo.

sou assim.
gosto de temperos fortes, comida posta à mesa.
gosto de feijão, arroz e pele.
procuro no vento os pensamentos que esqueci
e sinto o cheiro trazido por ele quando essa nostalgia de chuva e passos apressados me envolvem numa dança de memórias.
o cheiro dela... aparece quando o sol bate na terra que achuva molhou;
as flores me contemplam,e sorriem quando vêem meu olhar moço e cheio de ternura num desabrochar de vida que é tão eterno e tão novo..
novo sim, porque tudo se renova.
tudo se transforma;
e pele?! pele é chão. pele é chão de mão - casa do cheiro - desbrave de boca e toca de língua.
e tudo aquilo corre tão lípido e claro! não sei o dia de amanhã.
meus irrisórios bens materiais estão no ar.
e eu sigo assm: sem lenço, documento;
me alimento, de poesia, canção e pele. tua pele. branca como leite - macia como a flor dos cabelos de oxum; deusa da beleza - ébano eterno, berro contra todo esse dissabor que me diz que a vida não tem solução. Não! A vida é bela, e o julgo amargo fica doce como o gosto de tua boca. Doçe e forte - porque se iludir não vale. Mas basta olhar as coisas, de um jeito diferente. Eu quero amor nos olhos, ao invés de óculos escuros; eu quero sol dentro de mim como estive em ti, na noite passada. e quanto ao mistério de existir?! nunca saberemos, nunca entenderemos...

segunda-feira, 1 de junho de 2009



Te amo.



feliz aniversário meu amor.

Primavera.

tenho procurado nas cores teu brilho
vejo em meu lar teus lugares
de se esconder, e encontrar debaixo dos meus lençóis.
por entre as fotografias mergulho
e com esse sorriso bobo que te pertence viajo.
me abrigo dentro de ti nos dias chuvosos
e conto com a ajuda das inefáveis memórias do que ainda não aconteceu
dos dias de sol que virão enfeitar nossas vidas
e nos presentear com o calor para as nossas mãos.
eu te amo vida minha e és fatídica em minha poesia.
és meu verso, meu silêncio e minha música.
minha sereninade, meu acalento, meu... meu.
e mais do que meu amor, és mulher forte
peito largo, coração aberto; te admiro pelo que és, e pelo que aprendi contigo
vivendo em ti, comendo em ti, sonhando em ti.
mas do que te ter sou tua, como a lua pertence ao céu
e te contemplo como o sol ao mar.
amanhã, chegarei cedo. no brever do porvir de mais uma primaveira.
21º. e soprarei teus cabelos como a primeira brisa matutina;
entrarei em ti como o primeiro raio de sol da manhã daquele dia em que chegastes ao meu mundo, colorindo-o e enfeitando-o de flores e amores em cada canto que tocaste.
essa será só mais uma, a vigésima primeira de tantas outras primaveras que virão; e quando chegarem as próximas 30, e os teus cabelos mostrarem ao mundo os sinais de uma nova fase, ainda quero estar aqui, soprando teus cabelos como a primeira brisa matutina, e tão dentro de ti como a certeza da existência do sol num dia cinza e chuvoso, pois o que era uma flor antes desses 4, agora cria raízes, e junto com elas chega a calma e a paz no meu coração, pra me dar a certeza daquilo que eu mais quero: silênciar a boca, abrir os meus poros, falar pra ti com meus olhos e simplesmente ficar... permaneçer em ti, contigo... ficar, no meu lugar.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Saindo do armário.

um desconforto latente, que sopra lento no meu ouvido. aqui faz frio, e talvez eu nem seja tão sexual como se deve parecer por aqui. lascividade é gostoso mas nunca foi o meu forte. aqui faz friu e tô bem encolhidinha dentro de mim, precisando de um gigante cobertor. é, essa carência canceriana me enfraqueçe tanto quanto uma doença terminal. fragilidade, vulnerabilidade, dependência; eu não sei mais que porra é isso que eu sinto por ser tão segregária assim, mas vou parar de lutar conta mim mesma. preciso reconhecer que:

Meu quarto é branco mas eu queria que ele fosse azul. meu violão anda meio mudo, e nem todas as coisas que eu acreditava são reais ou estão onde elas deveriam estar.

eu sou assim, canceriana com ascendente em escorpião. uma dúzia de amigos pós-contemporâneos, me dizem que esse ascendete me salva, mas eu tenho que gritantemente assumir o que essa carênciazinha ridícula berra pra mim todos os dias:

Não. ascendente em escorpião não me salva. eu sou uma canceriana bem nata e daquelas que quer casar e ter dez filhos pela casa correndo e quebrando tudo só pra ter o prazer de ouvir aqueles jungles clichês do dias das mães da minha ninhada.

sou assim. sentimentalista, melô-dramática, saida diretamente de uma novela mexicana, e choro 15 litros por dia se você ela não diz que me ama. irremediávelmente romântica, sensível até demais, e carente. E não pense que é carente de amor não. eu sou carente de toda e qualquer coisa que envolva pessoa. eu sou carente de amigo, de irmão de mãe, de pai, de abraço, sou carente de sol, de mar, de natureza, sou carente de vida e de morte.


e quer saber do que mais?! você que acha ruim meu bom amigo, paciência. porque eu não tenho culpa de ter nascido com o sol na casa mais melô-dramática do zodíaco. sou canceriana mesmo e gosto de sê-lo. Passei um tempão tentando esconder isso de mim mesma, mas de quê adianta?!


Ah, e que fique bem claro: Escorpião não me salva. e a maioria das pessoas que sofre por amor, e que já tiveram desilusões amorosas ficariam mais felizes se existissem mais cancerianos dando sopa no mundo.

E tenho dito!

As cartas que eu escrevo pra ninguém;

3 segundos antes do beijo
dez minutos depois da partida
15 dias de solidão
2 semanas pra chegada.
será destino ou mera coincidência?!
e eis me aqui outra vez.
5 de muitos
7 de poucos...
dois anos, e muita coisa mudou.
cheiro de fumaça e cimento
construção.
estrada
voa,voa, moça do laço de fita azul
um sol amarelo te encontrará no infinito
nem que esse sejam meus olhos...






(continua...)
"Eu gosto dos que tem fome,
dos que morrem de vontade
dos que secam de desejo,
dos que ardem.
"

F-O-M-E.

olha de lado, sorrateira e como de costume, bastante fulgás.
ela ri pra mim como o quê eu não sei. mas se senta.
acende um cigarro, pede um café, expresso e com leite. até a borda.
muitas vezes lê apenas as colunas de arte no jornal, se faz de tonta.
joguetes, e unhas roídas de vermelho.
dizem que é uma dona infeliz. que não tem ninguém;
talvez se ela fosse um pouco menos pedante, eu daria o que ela quer.
vem aqui todo dia só pra olhar, "não sei o quê".
senta à mesa, pede o mesmo café. eu já a conheço.
desses e de mais outros carnavais, prefiro nem comentar.
renega, rejeita, cospe dentre meus aventais enquanto lhe sirvo, condena os iguais...
mas me olha. Rente e firme. Olha sim, eu vejo;
eu sinto o queimor que sobe por suas pernas quando lhe vem à boca o café com leite.
até a borda...
até derramar encima de mim por susto ou tremor. ela quer tanto que não consegue...
não disfarça. mas se essa dona fosse menos, menos... menos "assim", eu a levaria
pra aquele motel de quinta, ali na esquina
e a mostraria, que um café expresso com leite nunca foi suficiente
pra alimentar seus devaneios de impudor; e muito menos serviria para matar
sua fome.

5 meses.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

tudo é uma questão de manter: a mente quieta, a espinha ereta, e o coração tranquilo.

O sonho.

um sonho.
de que se alimentam os que dançam em meu coração?
seio-coração.
lado esquerdo do peito.
escrevo as paixões
moldo estrada de dois;
morro a cada noite
nasço a cada manhã
e me dobro tantas vezes
me faço flor..
amor novo
sorriso franco.
pés numa caminhada moça
sou camadas.
nas quais me dispo uma a uma
pra ti, ó flor que planta com tuas raízes
esses sonhos em mim.
põe-me à dormir
com uma canção de ninar.
não quero acordar,
não quero que finde no despertar...
da realidade.

Longíquo.

daquilo que sei,
tudo se transforma.
ser intimista,
longínquo...
pensamentos de paz.
avida questão que inquieta o ser.
me parindo todos os dias
essa manh]a de saudade e sal que me consomem.
pareçe que quanto mais regozijo
mais dor, mais cresço
olho-te tão de perto
que meu olho se espelha
em tua retina.
ah, dias escuros e bolorentos sem teu calor em mim.
mas que posso fazer se destino não se escolhe?!
por isso vivo assim.
felicidade e recato
sorriso de lado,
pensamento longínquo...
ontem teve um sabor diferente. tudo mais bonito e tantos sorrisos..

Daquilo que não sei.

aquilo que eu quero e desejo
não se esconde nos livros
não mora nas estantes,
chega através do vento
que traz esse cheiro inconfudível.
o corpo,
o beijo,
a beleza sem fim.
tudo me arrasta e me atrai.
e eucaio.
caio na rede sedutora daquilo que não conheço
daquilo que vem até mim.
o que eu sei?!
nada sei.
mas olho o horizonte.
o vento sopra meus cabelos
caminho em direção aquilo tudo
que desconheço
que nada é
e por ser nada, é sempre
tudo.

sábado, 27 de junho de 2009

W.C

sentou na mesa da frente, como quem não queria nada.
passava os olhos obre as revistas, magazines e notícias.
mas sem mais olhou pra mim.
olhou pra frente.
O vinho era bordô, o batom era vermelho.
cabelos pretos... íris rente como faca.
ela sabia o que queria, mas gostava de jogar.
vestido leve, se o vento passa, já sabe.
divida seus olhos entre as manchetes e as minhas pernas.
sorria de lado,
era ousada como uma revolucionária.
fez sinal, olhou a placa.
"WC."
foi na frente, e esperou.
na última cabine, os sapatos vermelhos aparecia.
entrei atrás.
peguei por trás.
sorte fulgás.

depois saiu.
pediu o telefone,
nunca mais esteve na mesma mesa
por entre as magazines
mas fazia calor;
me chamou pruma piscina...


aí, já sabe né?!

Jogo.

faz que não olha e volta
volta porque é poema
de leminsky;
poema de linhas aleatórias
que voem aqui, e voem lá.

finge que não me vê e desdenha;
desdenha porque está chegando
desdenha porque quer comprar.

se abraça no braço da outra
olha pelas costas e ri
ri pra mim como quem derruba um lenço

e debruça... debruça...

terça-feira, 23 de junho de 2009

"eu tenho medo de abrir a porta e dar pro sertão da minha solidão."

Belchior.

Felicidade intimista e bem canceriana.

É. eu acho que posso dizer que hoje foi um dia tipicamente feliz. cotidianamente, fui puxando minhas memórias uma a uma, sorrndo com as fotografias, sentindo o cheiro morfado do meu passado, e relendo as minhas camadas, que como escamas, foram mudando ao sabor do tempo... hoje, não há mais a sede de beber o mundo num gole só; mas a pressa de buscar aquilo que tem gosto doçe, sabor de leite condensado numa tarde chuvosa... beleza de flor e sorriso de criança que ganha do papai noel o primeiro brinquedo. minha felicidade é assim. simplória e feliz. Com a luz do sol, que entra no meu quintal.
sonhamos tanto com a casa nova... ela quer cores nos talheres e tapete na sala de estar; eu gosto de pendurar quadros e pintar paredes. criançinhas correndo pela casa, desorganizando os nossos pincéis e tintas, desafinando meu violão... quebrando coisas, perguntando os "por quês" da vida ser do jeito que está.
E hoje, dentre nostalgias de são joão, fiz a fogueira sozinha. minha primeira fogueira. posto que nos próximos anos eu a farei novamente pros meus filhos, pros meus netos. hoje, senti ar de lar nessa casa, e isso me trouxe uma felicidade íntima, uma paz inabalável que me serve de couraça. posto que aqui, nada de mal pode entrar. é proibido tristezas e memórias ruins. do passado ao futuro, a minha felicidade sempre será assim: cheiro de casa limpa a tarde, debruçada sobre a rede. livros, discos, e um beijo doçe junto com a inefável sensação de dever cumprido.

domingo, 21 de junho de 2009

RE-abrindo, RE-habilitando, RE-cordando..

"it's not a secret anymore..."

As ondas batem nos meus cabelos.
cheiro de mar.
as estrelas caem empleno dia
como lembranças remotas que saem de uma antiga e empoeirada caixa de fotografias.
é como um encanto que nunca cessa.
aquela chuva...

uma manhã.

Presságios de julho.

Frios de julho, que presságios vos trazem?
sopros de ventos,
garoa fina
saudade, saudade

inverno.

alento?
coberta, ou cobertor?!
pele, pêlo?!
corpo ou moletom?!


o que me vem de presente dos deuses nessa primavera?
paz, amor, ardor, suor?
frio, ilusões, sonhos?


ontem as cartas disseram
que eu tenho sorte
e a estrela anuncia
a chegada de um novo tempo.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

"STF derrota diploma para jornalistas."

Hoje pela manhã, como de custume, fui ao trabalho e abri um dos jornais de grande veiculação que chegam aqui (posto que trabalho numa biblioteca) no Recife. Não é espantoso ler barbaridades nesse jornal, posto que se trata de um jornal que banaliza o fato de recife ser a capital mais violenta do brasil, com o maior número de homicídios registrados em todas as espécies: contra homens, mulheres, negros, homossexuais, de um modo geral, colocando, nas suas matérias de capas, fotos fotos de corpos com bucacos de balas e facadas com fins de maior vendagem sensasionalizando a dor dessas mulheres que perdem todos os dias seus filhos, maridos, netos, etc. Desse jornal, só costumo tirar o caderno de cultura, porém hoje, algumas notícias específicas me chamamaram atenção: "STF DERROTA DIPLOMA PARA JORNALISTAS; ESTUDANTES DE JORNALISMO PROTESTAM - STF julga inconstitucional a obrigatóriedade do diploma para exerçer profissão".
É muito triste preceber a banalização da comunicação no nosso país. É ABSURDA A DECISÃO DO STF de julgar inconstitucional a obrigatóriedade do porte do diploma para exercer a profissão de jornalista no Brasil. Pois, mesmo enquanto se era obrigatório o porte do diploma para exercer tal profissão, já havim profissionais anti-éticos, sensasionalistas, e sespreparados no mercado (esses que são responsáveis por esse jornal que citei à pouco, no texto acima por exemplo.), descompromissados com o dever de levar os fatos verídicos e não-destorcidos (sejam eles bons ou ruins) para à sociedade; Profissionais, jornais, revistas, veículos televisivos e escritos, que publicam a notícia de forma mais conveniente à quem paga mais; - se com a obrigatóriedade do porte do diploma, já encontrávamos esse tipo de jornalismo descompromissado e corrupto no país, imaginem, meus caros amigos, o que veremos pela frente, com a incostitucionalização da obrigatóriedade do diploma para exercer a profissão em questão?
É, realmente eu não sei o que esperar. Temo profundamente pelo rumo do jornalismo brasileiro. Terei real medo de abrir um jornal daqui para frente, pois não estarei segura quanto ao compromisso com a veracidade daquela notícia ou até mesmo o compromisso profissional com a verdade de quem publicou e escreveu aquela notícia. Eu REALMENTE ESTOU PREOCUPADA. E se o padeiro decidir ser jornalista?! não que esses profissionais, seres humanos não possam ser capazes de atingir ou desenvolver tal profissão. mas um padeiro, antes de se tornar padeiro, estuda (aprendizado geralmente prático) para entrar e manusear o forno de uma padaria para fazer o pão. ele APRENDE a fazer o pão. ele SE PREPARA para ser padeiro. Mas segundo o presidente do STF, Sr. Gilmar Mendes, "Quando uma notícia não é verídica, ela não será evitada pela exigência de que os jornalistas frequentem um curso de formação. É diferente de um motorista que coloca em risco a coletividade. A PROFISSÃO DE JORNALISMO NÃO OFEREÇE PERIGO DE DANO À COLETIVIDADE tais como a mediçina, engenharia e advocaçia, e nesse sentido, por não implicar tais riscos, não poderia extinguir um diploma para exercer a profissão. Não há razão para se acreditar que a exigência do diploma seja a forma mais adequada para evitar o exercício abusivo da profissão."
Com a queda da obrigatóriedade do diploma, que prova que o estudante estudou e se capacitou em determinada área para exercer tal profissão, tendo cursado qualquer curso superior QUALQUER PESSOA PODE SER UM JORNALISTA. Simples assim. Eu, que já não confiava muito na procedência das notícias que chegam até a mim por meio dos grandes veículos de comunicação e mídia nacional, agora estou piamente desconfiada. Inda mais com o âncora, do jornal televisionado com mais audiência no país afirmando que a emissora a qual ele e seu jornal pertencem já executavam essa prática entre os seus redatores. E você caro leitor? O QUE VOCÊ ESPERA DO FUTURO DO JORNALISMO NO BRASIL?

quinta-feira, 18 de junho de 2009

¬¬¹²³

"o que vocês esperam de crianças que adolescem entre bombas? pombas?"

quando eu era mais nova tinha uma daquelas agendas tribus, e aíaprendi essa frase numa delas. foi na década de 90, bem antes de euentender que era sapatão. lembrei dela hoje, enquanto via na internetnotícias sobre a parada lgbt de são paulo, no domingo passado (14 dejunho). li dois jornais da grande mídia corporativa, pra ficar passadacom o trato dado ao ATENTADO HOMOFÓBICO que aconteceu já na noite dodomingo 14. um dos jornais chamou a BRUTAL TENTATIVA DE ASSASSINATOque uma pessoa anônima, moradora da avenida vieira de carvalho, de"irritação com o barulho". transcrevo: "No episódio mais grave, por volta das 22h, o morador de um edifíciona avenida Vieira de Carvalho (centro) se irritou com o barulho depessoas que dispersaram da festa e jogou uma bomba caseira no grupo.Segundo a Polícia Militar, 30 pessoas ficaram levemente feridas peloartefato. O morador não foi identificado." (folha de sp, 15/06) sei que no brasil existe esse costume, legado de uma ditadura militarrecente que durou mais de 20 anos, de acionar demais a polícia praresolver assuntos comunitários. tipo, festa barulhenta na vizinhançaaté altas horas no meio da semana? chama a polícia. passamos por issoaqui em casa várias vezes, mas nada me convence de que a vizinha"irritada com o barulho" em questão, uma senhora advogada que me viucrescer à sua relevia y pra seu espanto, não fica irritada é com aescolha que fizemos por não termos uma vida secreta, por ficarmosconversando na porta de casa enquanto nos beijamos, abraçamos,rimos... mas oficialmente ela reclama do barulho e diz que vai chamara polícia.a esse tipo de conduta reacionária estou, infelizmente, já acostumada,mas, felizmente, segura o bastante pra agir com firmeza e dizer "ok,pode chamar". o que me angustia, agora, pós-atentado de 14 de junho, épensar na possibilidade de receber uma bomba no meio do pagode dedomingo. do terrorismo de estado, com sua polícia racista assassina,eu infelizmente já estou mais amortecida também. mas terrorismo devizinhança eu não dou conta. isso tira meu chão, me rouba de um dosafetos mais preciosos a que me apego: a idéia de comunidade comoespaço de convivência também de conflitos, que podem ser resolvidoscom uma conversa, um convite pra próxima festa, uma gentileza.pode ser que a vizinha, lendo o jornal do dia 15, decida aprender afazer uma bomba (como qualquer pessoa pode aprender procurando umtutorial na internet) ao invés de ficar me ameaçando, dizendo que vaichamar a polícia quando estamos fazendo barulho. porque o jornal, aotratar o atentado como uma "irritação", legitima o uso de violênciasextremadas pra resolver conflitos comunitários e ainda mascara agravidade do fato ao citar o evento como se fosse de uma naturalidadecorriqueira, perfeitamente justificável em casos de "irritação combarulho".no dia da maior parada nacional de orgulho LGBT uma bomba não élançada da janela por "irritação com o barulho". uma bomba é jogadaporque vivemos numa sociedade heterossexista que persegue, condena epune qualquer possibilidade de expressão de afeto e prazer (sexual ounão, silenciosa ou barulhenta, explícita ou velada) entre pessoas demesmo sexo/gênero, e estende essa punição às tentativas de exercíciolivre de expressões ou orientações de sexo/gênero que contrariem aforçadamente fingida "naturalidade" do heterossexualismo, com suaatribuição asfixiante, fixa e fictícia de papéis determinados amulheres e homens.o enorme pudor moralista (cristão!) que ronda a aprovação do plc 122,que criminaliza a homofobia, é só mais uma dessas ferramentas demascarar as coisas. o principal argumento da bancada evangélica contraa criminalização é que isso cercearia a "liberdade de expressão", essemaravilhoso bem garantido constitucionalmente. LIBERDADE DE EXPRESSÃO,NO BRASIL, JÁ É CERCEADA! evidência disso é o acesso à produção demídia no brasil, completamente elitista, misógino e branco. de quemsão os grandes jornais brasileiros? estão a serviço de que interesses?o dono do jornal de maior circulação em brasília é o vice-governador!é por isso que ninguém vai ler, no tal jornal, que a campanha que ogoverno arruda fez pra expulsar travestis de seu local tradicional detrabalho em brasília, o setor comercial sul, é uma política de governocompletamente transfóbica, que prega assepsia social e higienizaçãourbana fundamentada pelo moralismo heterossexista, cristão, racista ecapitalista que governa os interesses do estado. não é possívelexistir liberdade de expressão ampla, irrestrita, democrática ecomunitária num país em que o acesso a bens culturais é elitizado,embranquecido, heterocentrado. não são as travestis que escrevem osjornais que as tratam como lixo social!criminalização de condutas é outra daquelas heranças ditatoriais.negritude é caso de polícia. movimento social é caso de polícia.reforma agrária é caso de polícia. trabalho autônomo, pratrabalhadoras do sexo, é caso de polícia. sexualidade livre, sedivergente de um padrão tido como correto, é caso de polícia, écriminalizada. então me espanta o horror que a bancada evangélica temao plc 122. e me espanta essa política de criminalização em massa decondutas. como ativista negra, lesbiana, feminista, fico triste de verque essa é uma de nossas principais bandeiras hoje: pedir que maiscondutas sejam consideradas crimes. porque isso significa, no fim dascontas, mais sistemas de vigilância e punição, e mais gente nascadeias (que só confinam gente preta, gente pobre - majoritariamentepreta num país que cresceu a partir da escravização negra, genteputa...)óbvio que são medidas drásticas, imediatistas, que precisam sertomadas frente a conflitos urgentes. a criação da lei maria da penha éconsiderada, então, uma vitória das mulheres. mas teve gente quepensou que com ela os homens não iam mais espancar mulheres... o quenão aconteceu. agora os homens são presos, ficam fervendo de ódio dasmulheres que os denunciaram, e saem da cadeia (que já é bem conhecidacomo uma escola de crime, mas não de recuperação nem de reinserção,até porque é bem contraditório tentar reinserir alguém na sociedade apartir da restrição de sua liberdade) prontos pra continuar sendohomens.no caso de estupradores, é tão dramático quanto. um estuprador temduas chances na cadeia: ou se enforca ou "vira mulher". ATENÇÃO! se apunição a um macho que violentou uma mulher é ser tratado, por outrosmachos, como ele tratou a mulher que violentou, que círculo viciosoestá sendo alimentado com isso? o de um imaginário misógico quecontinua punindo as mulheres por serem mulheres, com penetraçãonão-consensual e violenta, enquanto dá aos homens: 1) o benefício doestupro como ferramenta de punição das mulheres (por serem mulheres,i.e., inferiores), 2) um instrumento de reafirmação de seu poder deser homem (i.e., poder de penetrar) e 3) a garantia de que essaviolação não é passível de pena a partir da masculinidade (ou seja, amasculinidade é uma estrutura impune, já que pra punir estupradores,eles são tratados como mulheres).eu entendo a importância política da luta pela criminalização dahomofobia. mas ela só faz sentido se pensada dentro desse tipo demundo em que o exercício da expressão afetiva ou sexual livre vaicontinuar sendo penalizada, não-aceita, meramente tolerada a partir demecanismos que coíbem sim a violência contra quem ousa dizer seu afetodivergente de uma norma estabelecida, mas não vai dar conta dedinamitar as estruturas de pensamento e ação que pregam o desafeto aoque é entendido como diferente (daquele "normal"). a criminalização dahomofobia não vai acabar com a lesbofobia, com a transfobia, com ahomofobia, com a bifobia.vai funcionar pra deixar pessoas homofóbicas cientes de que há um novoacordo social, relativo ao código penal, que pune determinadasviolências, mas vai fazer alguém pensar em heterossexualidade como umaorientação sexual forçada, repetida maciçamente até a exaustão; seráque vai fazer alguém pensar, como nunca admitiu pensar antes, em seenvolver de outras maneiras com as pessoas? vai fazer as pessoasabandonarem o conforto do heterossexualismo ou pelo menosquestioná-lo, vê-lo como uma opção e não uma determinação natural edivina? vai fazer as pessoas pararem de querer jogar bombas na gente,ou só vai impedi-las de jogar pelo medo de ir pra cadeia?

quarta-feira, 17 de junho de 2009

pergunte pro seu orixá, amor só é bom se doer.


e acredite, dói.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

"Deus escreve certo, por linhas tortas." - ou, "Para o meu querido pai."

Ele buzinou no portão. e era uma sensação estranha, um frio comendo meu estômago com o um leão comeraia um pedaço de carne fresca. era o meu pai. apesar do longo tempo que se passou entre esta e a última vez que eu o vi, não houveram sorrisos. surge dele um tórrido: "boa noite minha filha" enquanto eu, de costas, respondi fria, e exata com uma flecha num alvo: "boa noite". foram muitas palavras e sorrisos com a outra filha, e eu de dentro do meu casco, como todo bom carangueijo canceriano, apenas observava calada o avançar da sinfonia. Notas, boemóis, sorrisos falsos para o outro lado, e de dentro de mim achava estranho. Como chamar um homem que, apareçe quando quer, e não lembra nem se quer do meu aniversário? pensei enquanto ele falava altivo, e rufante sobre a pseudo-vida mediocre de cidadão mediano que ele conseguiu lucrar através da esperteza. olhei seu rosto. engraçado reconhecer meus traços num homem que me passa menos segurança do que a minha mulher, que a pouco era uma estranha na minha vida. foi-se desenvolvendo uma agústia aguda, um sentimento crescente e ponte-agudo que se cobria do meu silêncio. porque então, seus assuntos principais eram negócios. ele não se deu conta de que, na verdade, não era bem aquilo que eu queria escutar. continuou a fala sobre o seu escritório, suas outras filhas e sua mulher. Um contador foi hoje a minha casa. mas nem pra cobrar nem pra pedir. Pra dar 3 tapinhas na minhas costas, e sumir mais uma vez, sem data de volta. em sua pasta, me contabilizou dez mízeros reais. Para absorvente, e creme de cabelo. Pedidos por mim, com muita timidez. por ter salários atrasados, e não ter costumes de falar desses assuntos pessoais com homens estranhos. talvez, esse seja o preço de sua filha mais velha. a primeira vinda de suas inconsequências em seus dezoito anos de idade. E por ironia do destino ou talvez para cumprir o dito popular "Deus escreve certo por linhas tortas", cá estou eu. sem amigos para conversar, e escrevendo. talvez daqui saia um bom texto. afinal de contas, a desgraça alheia sempre cai muito bem aos olhos dos outros. que seja. mas o que mais me espanta, e me apavora, é que eu. canceriana matriarca que sou, descobri onde estava a insensibilidade para com ele que, durante todos esses anos, ele cultivou e regou dentro de mim.

domingo, 14 de junho de 2009

ainda sinto no ar
aquele cheiro empoeirado
os prédios da cidade mudam de lugar
enquanto eu, nessa caminhada sem rumo sigo minha intuição.
espera.
longa e sem fim
e hoje ainda me perguntaram, se eu gostaria de ter super-poderes;
se eu pudesse, eu gostaria de controlar
o tempo.

ou o fim da falta dele.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Sobre o egoismo.

A necessidade do ser humano em ser maior do que todas as coisas relamente me apavora.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Dos bichos que moram dentro de mim.

das coisas que eu não sei
das coisas que eu vivo
há um laço com o ifinito
gosto de mel, com pota de fel
nó na garganta de não sei o quê.
e os bichos vão se instalando.
a cabeça fora do lugar..
.preciso mudar
preciso voltar ao normal.
eu quero luz de sol
jardim de sonho
paz pro meu coração, paz paz.
pra que tudo que for ruim pereça
pra que o que é bom permaneça
e esse sorriso volte a sorrir largo
se abrir como flor
cor de carmim.
protege meu deus, alumia.
tira as coisas que não são minhas
e deixa tudoq ue for meu, e que for bom.


menina do anel de lua e estrela.


Instante de dois. sem mais nem pra depois.
"catei colo, e o mar parou."

doçe.
sensivel, e lento
esse teu sopro leve sob minha nuca
toda a tua pessoa
e essa coisa que envolve
eu não sei explicar;
mas é único e forte
um instante nosso
de dois.
e é aí em ti que quero permanecer.
desculpa meus medinhos de bicho papão.
é que eu sou assim mesmo.
mas é em ti minha casa predileta de morar.
esse amor, mola do meu mundo.
essa luz, farol da minha estrada.
teu corpo, cama pra deitar
dormir.
estar, ser e viver:
em ti.

domingo, 7 de junho de 2009

Gris.

Nó na garganta
dissabor amargo
dor latente
e algo que se cravou aqui
pelas mãos da desilução de sonho feliz de lar.
estou casanda.
e não peço muita coisa não.
hoje eu só queria encontrar um amigo
tomar uma cerveja
soltar todos esses bichos que me mordem em meu peito
deitar no colo da menina,
eidormir.
pra esquecer que o mundo é cinza.


"disparo balas de canhão, é inútil, pois existe um grão visi, há tantas violetas velhas, sem um colibri.."

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Um outro jeito de olhar o mundo.

sou assim.
gosto de temperos fortes, comida posta à mesa.
gosto de feijão, arroz e pele.
procuro no vento os pensamentos que esqueci
e sinto o cheiro trazido por ele quando essa nostalgia de chuva e passos apressados me envolvem numa dança de memórias.
o cheiro dela... aparece quando o sol bate na terra que achuva molhou;
as flores me contemplam,e sorriem quando vêem meu olhar moço e cheio de ternura num desabrochar de vida que é tão eterno e tão novo..
novo sim, porque tudo se renova.
tudo se transforma;
e pele?! pele é chão. pele é chão de mão - casa do cheiro - desbrave de boca e toca de língua.
e tudo aquilo corre tão lípido e claro! não sei o dia de amanhã.
meus irrisórios bens materiais estão no ar.
e eu sigo assm: sem lenço, documento;
me alimento, de poesia, canção e pele. tua pele. branca como leite - macia como a flor dos cabelos de oxum; deusa da beleza - ébano eterno, berro contra todo esse dissabor que me diz que a vida não tem solução. Não! A vida é bela, e o julgo amargo fica doce como o gosto de tua boca. Doçe e forte - porque se iludir não vale. Mas basta olhar as coisas, de um jeito diferente. Eu quero amor nos olhos, ao invés de óculos escuros; eu quero sol dentro de mim como estive em ti, na noite passada. e quanto ao mistério de existir?! nunca saberemos, nunca entenderemos...

segunda-feira, 1 de junho de 2009



Te amo.



feliz aniversário meu amor.

Primavera.

tenho procurado nas cores teu brilho
vejo em meu lar teus lugares
de se esconder, e encontrar debaixo dos meus lençóis.
por entre as fotografias mergulho
e com esse sorriso bobo que te pertence viajo.
me abrigo dentro de ti nos dias chuvosos
e conto com a ajuda das inefáveis memórias do que ainda não aconteceu
dos dias de sol que virão enfeitar nossas vidas
e nos presentear com o calor para as nossas mãos.
eu te amo vida minha e és fatídica em minha poesia.
és meu verso, meu silêncio e minha música.
minha sereninade, meu acalento, meu... meu.
e mais do que meu amor, és mulher forte
peito largo, coração aberto; te admiro pelo que és, e pelo que aprendi contigo
vivendo em ti, comendo em ti, sonhando em ti.
mas do que te ter sou tua, como a lua pertence ao céu
e te contemplo como o sol ao mar.
amanhã, chegarei cedo. no brever do porvir de mais uma primaveira.
21º. e soprarei teus cabelos como a primeira brisa matutina;
entrarei em ti como o primeiro raio de sol da manhã daquele dia em que chegastes ao meu mundo, colorindo-o e enfeitando-o de flores e amores em cada canto que tocaste.
essa será só mais uma, a vigésima primeira de tantas outras primaveras que virão; e quando chegarem as próximas 30, e os teus cabelos mostrarem ao mundo os sinais de uma nova fase, ainda quero estar aqui, soprando teus cabelos como a primeira brisa matutina, e tão dentro de ti como a certeza da existência do sol num dia cinza e chuvoso, pois o que era uma flor antes desses 4, agora cria raízes, e junto com elas chega a calma e a paz no meu coração, pra me dar a certeza daquilo que eu mais quero: silênciar a boca, abrir os meus poros, falar pra ti com meus olhos e simplesmente ficar... permaneçer em ti, contigo... ficar, no meu lugar.

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