sábado, 11 de setembro de 2010

O Senhor das Folhas

Era uma vez, um moço que vivia dentro da mata. Cuidava das plantas e das flolhas. Sabia de todas as funções homeopáticas e curava através das folhas. Seu nome foi perdido entre o espiral do tempo, e as gerações de hoje, só o conhecia em terreiros de candomblé. Um dia, uma moça foi passear pela floresta que perto de sua casa existia. Banhou-se nas aguas da cachoeira, mastigou folhas de hortelã, e se esqueçeu da tarde que caia por entre o horizonte vermelho. Já era noite, e ao voltar para casa, deparou-se com um homem de feição moça; peles de carneiro cobriam seu corpo e havia em sua cabeça um gorro verde ornado com folhas e palhas-da-costa.
-Qual é o seu nome? Perguntou a moça curiosa com os olhos pregados em suas vestes de caça.
-Diz-me com quem tu andas que te direi quem és. Disse o formoso negro a moça de pele alva e cabelos loiros.
-Mas eu não quero dizer quem eu sou, apenas perguntei o seu nome!
-Meu nome está encima das árvores, em cada folha meu nome está guardado; gravado em cada cura, em cada chá pra dor de barriga ou para dor de cabeça. Agora vai moça, que hoje, tunão saberás, porém no dia em que nasceres descobrirás quem eu sou.
E como veio, foi-se o homem misterioso coberto de peles de carneiro, pulando mistériosamente numa perna só. A moça seguiu seu caminho para casa entrigada com tanto mistério. Pensou consigo mesmo: “Será que estou ficando louca? Agora dei para ver saci no meio da mata!”
E o tempo veio dançar com a menina como o vento dança com as folhas. Os anos se passaram e de menina, a moça se tornou uma bonita jovem, cheia de vida e sorrisos. Um dia, Quando passava por um sítio misterioso, onde ninguém da vizinhança ousava passar, a menina sentiu uma tontura estranha... algo que nunca tinha sentido. Rufaram-se os atabaques; Tudo foi ficando escuro, e quando acordou, Estava no meio de um povo estranho... homens e mulheres de branco, chocalhos estranhos e atabaques batiam e soavam tão forte que sentia vibrar em sua alma. Um cheiro estranho, lhe tomava as narinas; Cheiro de mato, cheiro daquele homem mistérioso que havia visto a tantos anos atrás; Derrepente, suas forças foram foram esvaindo-se devagar, e algo pegava-lhes as carnes e as tremia como que para mostrar-lhe, como que para dizer-lhes: “Estou aqui!” E nem o mais ateu dos homens desconfiaria daquelas forças tão estranhas que lhe tomava o corpo daquela forma. Logo, um brado surgiu de sua boca. Um brado que cortava-lhe a garganta de tamanha força: “EWÊ, EWÊ; MINHAS FOLHAS!” E derrepente, tudo fazia sentido. Nada mais era noite escura. E no meio daquele salão, como num sopro de brisa, um nome foi soprado em seu ouvido. Todos a carregavam pelos braços. E de salto balbuciou: “VIVA MEU PAI OSSAIM, O SENHOR DAS FOLHAS”.
E desde então, surgiu uma moça, que encontrou no mundo em que tudo era perdido, o nome do senhor das folhas.

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sábado, 11 de setembro de 2010

O Senhor das Folhas

Era uma vez, um moço que vivia dentro da mata. Cuidava das plantas e das flolhas. Sabia de todas as funções homeopáticas e curava através das folhas. Seu nome foi perdido entre o espiral do tempo, e as gerações de hoje, só o conhecia em terreiros de candomblé. Um dia, uma moça foi passear pela floresta que perto de sua casa existia. Banhou-se nas aguas da cachoeira, mastigou folhas de hortelã, e se esqueçeu da tarde que caia por entre o horizonte vermelho. Já era noite, e ao voltar para casa, deparou-se com um homem de feição moça; peles de carneiro cobriam seu corpo e havia em sua cabeça um gorro verde ornado com folhas e palhas-da-costa.
-Qual é o seu nome? Perguntou a moça curiosa com os olhos pregados em suas vestes de caça.
-Diz-me com quem tu andas que te direi quem és. Disse o formoso negro a moça de pele alva e cabelos loiros.
-Mas eu não quero dizer quem eu sou, apenas perguntei o seu nome!
-Meu nome está encima das árvores, em cada folha meu nome está guardado; gravado em cada cura, em cada chá pra dor de barriga ou para dor de cabeça. Agora vai moça, que hoje, tunão saberás, porém no dia em que nasceres descobrirás quem eu sou.
E como veio, foi-se o homem misterioso coberto de peles de carneiro, pulando mistériosamente numa perna só. A moça seguiu seu caminho para casa entrigada com tanto mistério. Pensou consigo mesmo: “Será que estou ficando louca? Agora dei para ver saci no meio da mata!”
E o tempo veio dançar com a menina como o vento dança com as folhas. Os anos se passaram e de menina, a moça se tornou uma bonita jovem, cheia de vida e sorrisos. Um dia, Quando passava por um sítio misterioso, onde ninguém da vizinhança ousava passar, a menina sentiu uma tontura estranha... algo que nunca tinha sentido. Rufaram-se os atabaques; Tudo foi ficando escuro, e quando acordou, Estava no meio de um povo estranho... homens e mulheres de branco, chocalhos estranhos e atabaques batiam e soavam tão forte que sentia vibrar em sua alma. Um cheiro estranho, lhe tomava as narinas; Cheiro de mato, cheiro daquele homem mistérioso que havia visto a tantos anos atrás; Derrepente, suas forças foram foram esvaindo-se devagar, e algo pegava-lhes as carnes e as tremia como que para mostrar-lhe, como que para dizer-lhes: “Estou aqui!” E nem o mais ateu dos homens desconfiaria daquelas forças tão estranhas que lhe tomava o corpo daquela forma. Logo, um brado surgiu de sua boca. Um brado que cortava-lhe a garganta de tamanha força: “EWÊ, EWÊ; MINHAS FOLHAS!” E derrepente, tudo fazia sentido. Nada mais era noite escura. E no meio daquele salão, como num sopro de brisa, um nome foi soprado em seu ouvido. Todos a carregavam pelos braços. E de salto balbuciou: “VIVA MEU PAI OSSAIM, O SENHOR DAS FOLHAS”.
E desde então, surgiu uma moça, que encontrou no mundo em que tudo era perdido, o nome do senhor das folhas.

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