domingo, 28 de março de 2010

Sobre o Torto. - ou, Reflexões sobre o aborto de Fernanda

Ninguém me perguntou, mas como bom ser pensante que sou, decidir responder aos meus pensamentos póstumo a leitura de textos de um blog chamado movimento torto, nome que também intitula um movimento criado por estudantes e ex-estudantes sergipanos da universidade federal de Sergipe (UFS). A minha visão do torto, dando minha própria interpretação com base no Podcast do Sr. Roosevelt Leite, é a de um ângulo de desconstrução. Desconstrução da certeza, desconstrução das convenções tradicionalistas e limitadas da sociedade em que vivemos. O torto aborda, através dos textos de Reuel Machado, Roosevelt Leite, Vina Torto, Josué Maia e João Paulo dos santos, os assuntos e idéias marginalizada pela sociedade ora pelo preconceito, ora pela ignorância, ora pelo "não-saber", ora pela certeza estabelecida por convenções antes citadas. Ser torto, não é apenas um modo de pensar sobre determinadas coisas. Ser torto é estar aberto para o que a vida, com toda sua complexidade e grandiosidade pode nos oferecer. Quem inventou a certeza das coisas se nada é eterno? quem pode ter pensamentos exactos sobre a vida e sua complexidade se ela vai muito além do que os nossos sentidos podem chegar? Li hoje um texto do vasto e rico arquivo do torto. O Sr. Roosevelt Leite conta, numa linguagem doce, lúdica e belíssima a história da aparição de Pai Joaquim das Alagoas, uma entidade ancestral do tipo Babalaô para Fernanda, uma jovem que se via em um mar de dúvidas sobre abortar ou não um filho de um homem casado que carregava em seu ventre. Tocou-me muitíssimo o modo no qual, Sr Roosevelt tratou sobre um assunto tão marginalizado e distorcido quanto as religiões de matrizes africanas e suas respectivas entidades espirituais. Suas palavras, embebecidas de candura e ternura, embalaram um tema marginalizado e retorcido de controvérsias pela sociedade monoteísta e cristã em que vivemos. Me emocionou muito o olhar que foi dado ao Pai Joaquim; Uma ótica bastante semelhante aos “espíritos de luz” do Kardecistas. Banhado de uma leveza e de uma Inocência bastante peculiar; A inocência do “não-saber”. Pai Joaquim, com suas vestes de escravo, pele preta, e seu possível desconhecimento do “saber” do homem branco, se mostra um espírito sensível e evoluído nos degraus do conhecimento humano, com notas de pureza em sua forma de aconselhar a garota, de acordo com as leis da natureza.
Pai Joaquim ocupa um espaço de ser iluminado, mesmo não possuindo a carga de conhecimento exigida pelo homem branco para ser espírito de luz, dando assim uma outra aresta de visão para a entidade ancestrálica que permeia os terreiros das religiões de matrizes africanas. Achei extremamente necessária essa visão, quase oposta da maioria das pessoas. Pois para que as pessoas possam enxergar as coisas de uma forma diferente, é preciso ter uma aresta de visão diferenciada como opção, além daquela deturpada pelas convenções sociais europeizadas, citadas aqui, no caso do preconceito contra as religiões de matrizes africanas. É isso. Ao melhor estilo torto de ler as coisas, essa desconstrução doçe do conceito deturpado que a população sorveu sobre o universo das culturas de matrizes africanas, vem trazendo outra aresta, arrojando o nosso delimitado campo de visão.

Um comentário:

Roosevelt Vieira Leite disse...

Muito bem colocado Lays. Seu texto muito esclarece a minha intenção quando escrevo meus contos. tento dialogar com a sociedade e seus olhos para uma realidade dura - O preconceito religioso. Por isso ponho o culto afro em pé de igualdade mostrando as pessoas que Deus não tem religião oficial. Abraços.

domingo, 28 de março de 2010

Sobre o Torto. - ou, Reflexões sobre o aborto de Fernanda

Ninguém me perguntou, mas como bom ser pensante que sou, decidir responder aos meus pensamentos póstumo a leitura de textos de um blog chamado movimento torto, nome que também intitula um movimento criado por estudantes e ex-estudantes sergipanos da universidade federal de Sergipe (UFS). A minha visão do torto, dando minha própria interpretação com base no Podcast do Sr. Roosevelt Leite, é a de um ângulo de desconstrução. Desconstrução da certeza, desconstrução das convenções tradicionalistas e limitadas da sociedade em que vivemos. O torto aborda, através dos textos de Reuel Machado, Roosevelt Leite, Vina Torto, Josué Maia e João Paulo dos santos, os assuntos e idéias marginalizada pela sociedade ora pelo preconceito, ora pela ignorância, ora pelo "não-saber", ora pela certeza estabelecida por convenções antes citadas. Ser torto, não é apenas um modo de pensar sobre determinadas coisas. Ser torto é estar aberto para o que a vida, com toda sua complexidade e grandiosidade pode nos oferecer. Quem inventou a certeza das coisas se nada é eterno? quem pode ter pensamentos exactos sobre a vida e sua complexidade se ela vai muito além do que os nossos sentidos podem chegar? Li hoje um texto do vasto e rico arquivo do torto. O Sr. Roosevelt Leite conta, numa linguagem doce, lúdica e belíssima a história da aparição de Pai Joaquim das Alagoas, uma entidade ancestral do tipo Babalaô para Fernanda, uma jovem que se via em um mar de dúvidas sobre abortar ou não um filho de um homem casado que carregava em seu ventre. Tocou-me muitíssimo o modo no qual, Sr Roosevelt tratou sobre um assunto tão marginalizado e distorcido quanto as religiões de matrizes africanas e suas respectivas entidades espirituais. Suas palavras, embebecidas de candura e ternura, embalaram um tema marginalizado e retorcido de controvérsias pela sociedade monoteísta e cristã em que vivemos. Me emocionou muito o olhar que foi dado ao Pai Joaquim; Uma ótica bastante semelhante aos “espíritos de luz” do Kardecistas. Banhado de uma leveza e de uma Inocência bastante peculiar; A inocência do “não-saber”. Pai Joaquim, com suas vestes de escravo, pele preta, e seu possível desconhecimento do “saber” do homem branco, se mostra um espírito sensível e evoluído nos degraus do conhecimento humano, com notas de pureza em sua forma de aconselhar a garota, de acordo com as leis da natureza.
Pai Joaquim ocupa um espaço de ser iluminado, mesmo não possuindo a carga de conhecimento exigida pelo homem branco para ser espírito de luz, dando assim uma outra aresta de visão para a entidade ancestrálica que permeia os terreiros das religiões de matrizes africanas. Achei extremamente necessária essa visão, quase oposta da maioria das pessoas. Pois para que as pessoas possam enxergar as coisas de uma forma diferente, é preciso ter uma aresta de visão diferenciada como opção, além daquela deturpada pelas convenções sociais europeizadas, citadas aqui, no caso do preconceito contra as religiões de matrizes africanas. É isso. Ao melhor estilo torto de ler as coisas, essa desconstrução doçe do conceito deturpado que a população sorveu sobre o universo das culturas de matrizes africanas, vem trazendo outra aresta, arrojando o nosso delimitado campo de visão.

Um comentário:

Roosevelt Vieira Leite disse...

Muito bem colocado Lays. Seu texto muito esclarece a minha intenção quando escrevo meus contos. tento dialogar com a sociedade e seus olhos para uma realidade dura - O preconceito religioso. Por isso ponho o culto afro em pé de igualdade mostrando as pessoas que Deus não tem religião oficial. Abraços.

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