quarta-feira, 11 de março de 2009

Eu, não!

Eu?! eu não!
esse negócio de entregar os pontos, assim? né comigo não meu senhor.
eu sou mulher, brasileira, filha de Ogun com Oxóssi! um é o deus da guerra; e o outro?! ah meu senhor, o outro nunca atirou uma flecha pra errar. senhor da mata e caboclo que guia meus caminhos. o outro, deus da guerra, valente me faz mais forte com sua couraça e me honra nas minhas batalhas.
o senhor acha mesmo que protegida por eles e por deus eu desistiria dessa batalha?!
eu não.
porque fé não é um negócio que se não vende na feira do troca.
malandragem não se aprende na escola não, e como já dizia um mestre:"-malandro é malando, mané é mané."
ninguém é bobo doutor. e eu sou ligeira.
eu? eu não!
eu é que não vou deixar minha vida passar pela janela, escorrer pelos meus dedos e virar vazio e solidão moço.
eu faço cada tragada de ar que entra pelo meus pulmões valerem a pena, quando dá levo na cadência de um samba. e quando não, toco um blues pra sangrar a dor que rasga o peito.
dor, porque é muita coisa errada doutor. é muita merda, muita sujeira, muito tiro no pé doutor. é muito preconceito, ´muito desrespeito, é muita ignorância doutor.
mas se você quiser saber se eu fico que nem "zé buceta" vendo minha cultura sendo massacrada por esse bando de branco que chegou numa terra habitada que eles acham que descobriu, se eu fecho o olho pra toda essa gente de bem que morre por causa de despreparo policial pra tirar bandido da favela, sim doutor, porque quem mora na favela também é gente! acho que da sua varanda com vista para o mar não dá pra enxergar as crianças brincando nas ruas, os vizinhos conversando na calçada, os moleques jogando bola na rua, e o dominó, que rola junto com uma batucada na esquina. dá pra ver, doutor?! e aí, ao invés de pegar quem mata essa polícia de merda mata um monte de gente inocente e quase sempre os bandidos de verdade ficam impunes, porque se for pra fazer guerra os "dono do morro" são mais bem armados que a polícia! e o senhor fica daí, da sua varanda com vista para o mar. Dentro de um terno e uma gravata, de barba feita, sono bem dormido e achando que por que eu num tive essa condição de intrução que o "sinhô" teve eu fecho os olhos pra tudo isso. cadê tudo que o "sinhô" prometeu? não é seu filho que morreu com uma bala perdida doutor, não não é na sua casa que falta comida, quando sinô passa mal doutor, o "sinhô" tem um plano de saúde. enquanto eu nem cono nos meus dedos quantas pessoas aqui já perderam um parente, um vizinho, um amigo numa fila de hospilal. o "sinhô" pensa mesmo, doutor que eu fecho os olhos pra isso doutor?!
eu não.

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quarta-feira, 11 de março de 2009

Eu, não!

Eu?! eu não!
esse negócio de entregar os pontos, assim? né comigo não meu senhor.
eu sou mulher, brasileira, filha de Ogun com Oxóssi! um é o deus da guerra; e o outro?! ah meu senhor, o outro nunca atirou uma flecha pra errar. senhor da mata e caboclo que guia meus caminhos. o outro, deus da guerra, valente me faz mais forte com sua couraça e me honra nas minhas batalhas.
o senhor acha mesmo que protegida por eles e por deus eu desistiria dessa batalha?!
eu não.
porque fé não é um negócio que se não vende na feira do troca.
malandragem não se aprende na escola não, e como já dizia um mestre:"-malandro é malando, mané é mané."
ninguém é bobo doutor. e eu sou ligeira.
eu? eu não!
eu é que não vou deixar minha vida passar pela janela, escorrer pelos meus dedos e virar vazio e solidão moço.
eu faço cada tragada de ar que entra pelo meus pulmões valerem a pena, quando dá levo na cadência de um samba. e quando não, toco um blues pra sangrar a dor que rasga o peito.
dor, porque é muita coisa errada doutor. é muita merda, muita sujeira, muito tiro no pé doutor. é muito preconceito, ´muito desrespeito, é muita ignorância doutor.
mas se você quiser saber se eu fico que nem "zé buceta" vendo minha cultura sendo massacrada por esse bando de branco que chegou numa terra habitada que eles acham que descobriu, se eu fecho o olho pra toda essa gente de bem que morre por causa de despreparo policial pra tirar bandido da favela, sim doutor, porque quem mora na favela também é gente! acho que da sua varanda com vista para o mar não dá pra enxergar as crianças brincando nas ruas, os vizinhos conversando na calçada, os moleques jogando bola na rua, e o dominó, que rola junto com uma batucada na esquina. dá pra ver, doutor?! e aí, ao invés de pegar quem mata essa polícia de merda mata um monte de gente inocente e quase sempre os bandidos de verdade ficam impunes, porque se for pra fazer guerra os "dono do morro" são mais bem armados que a polícia! e o senhor fica daí, da sua varanda com vista para o mar. Dentro de um terno e uma gravata, de barba feita, sono bem dormido e achando que por que eu num tive essa condição de intrução que o "sinhô" teve eu fecho os olhos pra tudo isso. cadê tudo que o "sinhô" prometeu? não é seu filho que morreu com uma bala perdida doutor, não não é na sua casa que falta comida, quando sinô passa mal doutor, o "sinhô" tem um plano de saúde. enquanto eu nem cono nos meus dedos quantas pessoas aqui já perderam um parente, um vizinho, um amigo numa fila de hospilal. o "sinhô" pensa mesmo, doutor que eu fecho os olhos pra isso doutor?!
eu não.

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